Bartoon, Luís Afonso, Público, 09-09-2018 |
- P. N. S.:
- «não há três sem quatro» (P. N. S.);
Jerónimo***:
- «(é preciso não) contar (apressadamente) com o Ovo no dito cujo da Galinha»
***Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP, é um caso excepcional no uso lúdico que faz da língua portuguesa. Segue-se, embora a grande distância, o Presidente da República (no tempo em que era comentador saía-lhe recorrentemente a expressão "não lembra ao careca". [...] Ana Sá Lopes, p. 36 do mesmo suporte
há naturalmente que (re)convocar um grande texto sobre o motivo:
[...] Afinal, numa das vezes em que parou para gozar
sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida
carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da
cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos
roucos e indecisos.
Foi então que
aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez
fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia
uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando,
abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava
e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo.
Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu
desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não
mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. [...]
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. [...]