- Recorte inicial da Crónica de hoje: «Não ter a tua vida»
Há uma maneira portuguesa de recusar que deveria ser adoptada pelas outras línguas, porque consegue, simultaneamente, dizer que não — e ofender o interlocutor.
Eu pergunto ao Jonas se ele quer ir almoçar comigo. E ele responde:
“Julgas que tenho a tua vida?”
É obra: não só me dá uma tampa como transmite o que ele pensa da minha situação. E tem outras vantagens: faz-se de vítima (ele tem uma vida bem pior do que a minha, sem margem para esses luxos como almoçar com os amigos) e ofende a perspicácia do convidador, por pensar que toda a gente tem a sorte que ele tem.
Há outras variantes igualmente devastadoras: [...]