o magusto de ricardo reis
(para o josé blanco)
um púcaro com vinho refrescava
sobriamente a sua sede
o que foi combinado OU diálogos de proximidade entre as «várias artes» da Palavra; termos, conceitos, recursos, orientações, aberturas
- ouvido no sábado, o POD.s de D. F. - «A contar...», sobre o Género Opereta; - entre os minutos 21 e.... evoca a recentemente resgatada Opereta, incompleta, «A morte do Diabo», de 1869, do «jovem Eça» e de Outros [...]
- lembra-se: em 9293, no «1.º Bloco» (10.º), passava-se do texto «não-literário» (ou «jornalístico»), na 1.ª Etapa, para os excertos da «Crónica de D. João I» - era uma «espécie de Hecatombe didáctica» [...]; foi depois de novo retirado e, no «Cardápio» actual (desde 2015, pelo menos), ocupa, também no 1.º Bloco, «ainda mais curtos excertos» [...]
- ao longo dos tempos, com Qd.s de «ADV», R. ironizava que, quando argumentistas de língua inglesa o «descobrissem», daria «múltiplos Episódio em Série tipo Netflix»...; já estará menos longe disso, pois a 1.ª tradução integral, para Inglês, está em lançamento - Entrevista com a Investigadora-Tradutora no «DN» - «quase» 6 séculos depois, não se aplicará o Provérbio «Vale mais tarde do que nunca»?
RECORTE (a seguir ao anterior):
- Crónica de hoje - Recorte(s):
Para mim, o “dar” ainda é mais giro do que o “haver”. De onde virá esta dádiva?
- excerto em que o título «Os inquietos» é «filiado» no «Livro do Desassossego»:
[...] Dá muito trabalho começar a movimentar-se todas as manhãs, sobretudo quando se tem 89 anos, e de vez em quando a opção mais óbvia é a de voltar a dormir, ou a de não chegar sequer a acordar. O que é que Pessoa escreve no Livro do Desassossego? Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir. De vez em quando, antes, Pessoa surgia em conversas enquanto planeávamos o nosso livro - talvez pudéssemos roubar ou dar uma volta ao título de Pessoa, mas é possível que soasse demasiado pretensioso, não deveríamos ter-nos em demasiada conta, é uma arte saber onde está o limite do pretensiosismo, mas funcionava bem como título provisório, talvez encontrássemos outro quando tivéssemos tudo pronto para lançar o livro, mas por aquela altura ele já se tinha esquecido de Pessoa.
Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, p. 66
- dossiê no «Ípsilon», de A. A. Soares, sobre o Motivo do Clima na Literatura - com referências a J. B. e outros autores; AQUI
- nesta crónica de A. C. Cortez relaciona-se um poema de Gastão Cruz, de «Escarpas», de 2010 [poema e Crónica transcritos AQUI] com o «Provincianismo Tecnológico» que vem dominando Quadrados e não só [...], de caminho, ridiculariza-se a «frase feita» («A Geração mais...»), tão repetida por «quem manda»...
RECORTE:
[...] Mas não era previsível a alienação, a ignorância, a incuriosidade dos "nativos digitais" quanto aos mais diversos saberes, uma vez imersos no mundo digital? Todos vemos que nada leem e pouco sabem, porque se tudo o que importa está "à distância de um clique", tudo o que exija esforço lhes é odioso. Jamais o "como" e o "para quê" das aprendizagens é questionado pelos estudantes. Decorar sem saber, dizer umas quantas coisas politicamente corretas, isso basta para garantir classificações acima do 16. [...]
- [ver tb. a«parte I», Crónica anterior:
- recorte do segundo excerto, do «Memorial...»:
Nem sempre o trabalho corre bem. Não é verdade que a mão esquerda não faça falta. Se Deus pode viver sem ela, é porque é Deus, um homem precisa das duas mãos, uma mão lava a outra, as duas lavam o rosto, quantas vezes já teve Blimunda de limpar o sujo que ficou agarrado às costas da mão e doutro modo não sairia, são os desastres da guerra, mínimos estes, porque muitos outros soldados houve que ficaram sem os dois braços, ou as duas pernas, ou as suas partes de homem, e não têm Blimunda para ajudá-los ou por isso mesmo a deixaram de ter. É excelente o gancho para travar uma lâmina de ferro ou torcer um vime, é infalível o espigão para abrir olhais no pano de vela, mas as coisas obedecem mal quando lhes falta a carícia da pele humana, cuidam que se sumiram os homens a quem se habituaram, é o desconcerto do mundo. Por isso, Blimunda vem ajudar, e, chegando ela, acaba-se a rebelião, Ainda bem que vieste, diz Baltasar, ou sentem-no as coisas, não se sabe ao certo. Uma vez por outra, [...]
José Saramago, Memorial do Convento, 27.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1998, pp. 91-92.
- E, no «639», hoje, 19, excertos das obras de Saramago, «centrados» no motivo da Mão [...]
- O primeiro, de O Ano da Morte... , «quase todo», com um «código de cores «semelhante ao usado nos anos finais dos Qd.os:
A rapariga fica de perfil, o homem está de costas, conversam em voz baixa, mas o tom dela subiu quando disse, Não, meu pai, sinto-me bem, são portanto pai e filha, conjunção pouco costumada em hotéis, nestas idades. O criado veio servi-los, sóbrio mas familiar de modos, depois afastou-se, agora a sala está silenciosa, nem as crianças levantam as vozes, estranho caso, Ricardo Reis não se lembra de as ter ouvido falar, ou são mudas, ou têm os beiços colados, presos por agrafes invisíveis, absurda lembrança, se estão comendo. A rapariga magra acabou a sopa, pousa a colher, a sua mão direita vai afagar, como um animalzinho doméstico, a mão esquerda que descansa no colo. Então Ricardo Reis, surpreendido pela sua própria descoberta, repara que desde o princípio aquela mão estivera imóvel, recorda-se de que só a mão direita desdobrara o guardanapo, e agora agarra a esquerda e vai pousá-la sobre a mesa, com muito cuidado, cristal fragilíssimo, e ali a deixa ficar, ao lado do prato, assistindo à refeição, os longos dedos estendidos, pálidos, ausentes. Ricardo Reis sente um arrepio, é ele quem o sente, ninguém por si o está sentindo, por fora e por dentro da pele se arrepia, e olha fascinado a mão paralisada e cega que não sabe aonde há de ir se a não levarem, aqui a apanhar sol, aqui a ouvir a conversa, aqui para que te veja aquele senhor doutor que veio do Brasil, mãozinha duas vezes esquerda, por estar desse lado e ser canhota, inábil, inerte, mão morta mão morta que não irás bater àquela porta. [...]
José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, 10.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1993, pp. 26-27
- toda e qualquer a referência ao «Bacalhau Espiritual» remete R. para a C. da C. (78-80), para a Chefe Clot. [...] [«e o resto não se diz»]
- [substituir os vários volumes adquiridos ao longo do tempo pelo volume único ora publicado seria não só oneroso como (...)]
- [já agora, o artigo de Afonso de Melo («EX-6.ºDrto»?), a 30 de Março, no «SOL»]
- várias têm sido as referências à E. do P., «nestas casas»... - [a primeira obra discutida no Ciclo 02-05...] finalmente, ou de novo, disponível, no caso, como 3.º número da Colecção «Biblioteca P», no «Público», por votos do público - em ed. cuidada e a preço acessível [...]
Parte inicial da Introdução, de Luís Farinha, também ontem publicada no jornal:
- é de Dezembro, este n.º 146 da Colecção «O essencial» da INCM, de F. Pinto do Amaral; existia, no sábado, na BERT-ALV, evitando deslocação à Sede; mas também está disponível, generosa e totalmente, na INCM, isto é, em qualquer COMP....
RECORTE daí, da p. 11:
[...] Fica assim destacada como ponto nevrálgico desta leitura a criatividade verbal de Ruben A., que contamina tudo o que escreve com uma dose de originalidade talvez comparável à de um meteoro que passa e nos traz coisas novas, coisas de fora de aqui, coisas de um lado de lá do mundo, em processos de escrita por vezes próximos do surrealismo. Há em Ruben uma consciência disso, mas ao mesmo tempo um arrastar dessa consciência para terrenos novos e inexplorados, regiões da linguagem humana onde ninguém tinha ido — e essa é uma das principais qualidades de um escritor. Tal como afirmou Nemésio, Ruben era detentor de «um estilo nunca em nossa língua usado», numa inquietação literária mas também existencial que marcaria toda a sua vida. [...]
- «Volta, Mestre Gil, que estás perdoado»
[nota, em data posterior: durou uns dias a «Espuma» provocada pelas duas propostas de Envelope - pôr-se no Papel (no Lugar?) de Alcoviteira ou de «Menina para os cónegos da Sé» - provavelmente, nem com muita imaginação....]
- desta vez, não se convoca aqui o conhecido poema de Sena..., ; viu-se o «Expresso», Revista «E», de 29 de Janeiro, para ler o artigo de António Valdemar - uma súmula biográfica, informada, com destaque para as questões que permanecem (e permanecerão) «em aberto»;
Ilustração de Helder Oliveira |
- Centenário do Nascimento:
- Artigos de Luís Miguel Queiroz, no Ípsilon, com depoimentos e referências várias à Oficina: AQUI e AQUI
RECORTE: [Rosa Maria Martelo]:“Eugénio traz o corpo erótico para a poesia de maneira muito afirmativa, por vezes eufórica até [...]
Retrato - Jorge Ulisses, 1980 |