sexta-feira, 14 de junho de 2024

Campos no «639»

 - afastado, mas não «totalmente», R. destaca, em «tempos camonianos», o poema de Campos, hoje saído no «Grupo B» do 639 [« Máscaras, Espelhos...»]:

Depus a máscara e vi-me ao espelho... 
Era a criança de há quantos anos... 
Não tinha mudado nada... 

É essa a vantagem de saber tirar a máscara. 
É-se sempre a criança, 
O passado que fica, 
A criança. 

Depus a máscara, e tornei a pô-la. 
Assim é melhor. 
Assim sou a máscara. 

E volto à normalidade como a um términus de linha. 

                                    Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514.