segunda-feira, 21 de outubro de 2024

«Finisterra», Carlos de Oliveira + 10 poemas lidos por R. M. Martelo

 - não sabe R. há quantos anos Finisterra** aguarda para ser «relido»...; [desde a Década de 80?...]; Rosa M. Martelo, Grande Leitora, fala das «Múltiplas Camadas. e Sobreposições..» do mesmo, no «Poema Ensina a...», em Set. [...];

- no «Podcast», aprox.te a partir do minuto 39.º do I, comenta (e discute com R. M.): [...]; Camões («O Céu, a Terra, o Vento...») ; Cesário («Manhãs Brumosas»), ; Pessanha (...); Campos («Ode Marítima»); e, no II: Luiza Neto Jorge («A magnólia»); Fiama Hasse Pais Brandão ("Quando eu vir vaguear por dentro da casa"); [...]; Mário Cesariny («O navio de espelhos»);Herberto Helder («Sei ás vezes que o corpo é uma severa»); - ** a partir do minuto 44..., de novo fala de Finisterra: «Casa na Duna contada de outro modo»...

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

«Cardume», Inês Lourenço

 - nos poemas da 2.ª parte («Os caules submersos», pp. 27 - 52) do último livro de I. L. são evocados vários poetas - listados na p. 76

CARDUME

As tuas varinas descalças
todas de negro nas descargas de carvão
já não são noivas que ficaram por casar, mas sim
as mães que embalam futuros náufragos
nas canastras, já não os heróis das Descobertas
mas sim os destinados às tormentas
da faina piscatória. Hoje
abjuramos dos usos carboníferos, que o Tempo
tudo esmorece. E nunca vamos 
abjurar do mar que foi há séculos
a nossa Terra Prometida, na fuga possível
à condição hispânica. Mar que ameaça 
no futuro inundar as cidades litorais
se continuar o degelo árctico. Anoitecemos
contigo, Cesário, na nostalgia
desta fronteira incerta de Ocidente.
  
                         Inês Lourenço, Ainda o lugar incerto da procura, 2024, p. 37

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

«Virar o Ananás» (M. E. C.)

 - RECORTE(s) da (assertiva?) Crónica de hoje:

[...] agora é moda ir para o engate para os supermercados espanhóis, sinalizando a disponibilidade através de um ananás virado ao contrário, transportado no carrinho como se fosse um pequeno príncipe tropical a fazer o pino. [...]
No mesmo dia, ouvi dizer de alguém que começa a fartar-se do marido, que está à beira de virar o ananás.
[...]
"Virar o ananás" entra assim na língua portuguesa: significa estar farto, mas também significa fazer alguma coisa para alterar a situação.
Para virar o ananás, é preciso uma pessoa levantar-se e decidir que vai reembarcar no carrossel, abrilhantando o aspecto e renovando o vocabulário. [...]
Virar o ananás é regressar à fisicalidade, ao momento, à exposição, ao risco de se ser envergonhado. É voltar aos carrinhos de choque.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Mia Couto: «recordação visual e recordação da Voz»

 - Entrevista ao «Ípsilon», sobre o anterior livro, premiado, e o próximo, a sair em Outubro [EXCERTO] - RECORTE:

[...] Enquanto escrevia O Mapeador de Ausências, fui-me apercebendo que era um livro sobre o meu pai e não sobre a cidade onde nasci que era a intenção inicial. Queria fazer uma homenagem à minha terra natal, onde continuo a nascer até agora. E, depois, apercebi-me que esse lugar era o meu pai. É curioso, porque nos registos que tive de consultar, quando escutei a voz dele em gravações antigas, percebi que a presença da voz era muito mais forte do que a presença de uma imagem. A recordação visual é uma coisa, mas a recordação da voz tem um impacto que me fez perceber que, no meu processo de criação, tinha de encontrar a voz dos personagens. [...]
[sublinhados acrescentados]

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Eugénio, 2024 + «A poesia não vai»

 - resolvida a «longa novela» do(s) Espólio(s), pode a Obra seguir o Caminho destinado, mais e mais Leitores...


Do «Ípsilon»; Expo na F. do L. do P. + um dos poemas propostos nos Qd.os:

A POESIA NÃO VAI


A poesia não vai à missa,

não obedece ao sino da paróquia,

prefere atiçar os seus cães

às pernas de deus e dos cobradores

de impostos.

Língua de fogo do não,

caminho estreito

e surdo da abdicação, a poesia

é uma espécie de animal

no escuro recusando a mão

que o chama.

Animal solitário, às vezes

irónico, às vezes amável,

quase sempre paciente e sem piedade.

A poesia adora

andar descalça nas areias do verão.


 Eugénio de Andrade, O sal da língua, 1995

domingo, 4 de agosto de 2024

«um gajo velho, gordo, que escreve sobre comida» + O Caderno (M. E. C.)

a) D. nunca escreveu regularmente; nem nestas Casas - desde 2010, já tarde...;
b) D. é um «permanente leitor»; sabe e, ou, prefere, ser o único Leitor do que nestas Casas escreve - pelo menos desde que «a verdadeira, ausente, SOBR.a, «o arrrasou» nesse Capítulo  - já há muito tempo...
c) M. E. C. publica, não um livro, mas uma «colecção de frases» (Aforismos ou «um outro Livro do Desassossego»?)  num livro sobre «como Escrever para se libertar das regras sobre como Escrever»; 

Andava há anos a fazer apontamentos sobre como escrever?
Desde miúdo.   Tinha um caderno à parte para isso? Sim.

Recorte da Entrevista ao «Ípsilon:
[...]
É a língua que inventou neste livro, a “língua do quero-lá-saber”?
Não me lembro de escrever isso. Editar é uma coisa separada, é como a avaliação. Com o arrazoado cheio de adjectivos, tens uma coisa sobre a qual trabalhar. Sem essa primeira redacção, estás tramada, não há nada. O primeiro passo é escrever. Não interessa o quê, não interessa o tamanho. Não se pode escrever a tentar imaginar um público. O público é que tem de nos encontrar. Isso eu sei. Gostava de escrever para os jovens, dizer aos jovens o que é que devem fazer, o que é que devem ler, mas os jovens não me lêem. Escreves uma coisa, espetas como um jornal de parede e depois há pessoas que gostam e outras que não gostam. As pessoas é que nos procuram. Andam ali e perguntam: há algum gajo velho, gordo, que escreve sobre comida?
[sublinhados acrescentados]

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Camoniana

 - entrevista a Isabel Rio Novo, biógrafa, à «Grande Reportagem», em Junho, 27; escrita de »Os Lusíadas», dilatada no Tempo e no Espaço... 

- [...] «Os Lusíadas são também imagens», Frederico Lourenço a F. José Viegas, a 24-06, no Jornal «SOL»;

- Artigo-Entrevista, a C. M. Bobone, biógrafo,  ao «SOL», a 1 de Julho: «Querer ler de forma virginal Os Lusíadas é entregar-se ao fracasso»;

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Pomar e Fonseca no «724»

TEXTO B 
– Pois é verdade… Isto deu uma grande volta… Aquela raça dos lavradores antigos acabou-se… Os de hoje, se muito têm, mais desejam. Moram nas vilas, põem casa às amantes na cidade, não dão um passo sem ser de automóvel, inventam festas, não há cinemas nem teatros a que faltem. E para um estadão destes é preciso dinheiro e mais dinheiro. Nunca se fartam. […] – Uns tão ricos e outros sem nada… Até devia haver uma lei contra isto. – Haver o quê?!… Estás parva. Pois se os ricos é que fazem as leis!

                 Manuel da Fonseca, Seara de Vento [1.ª edição, 1958], Lisboa, Editorial Caminho, 1984, 12.ª edição, pp. 73-74.

724: «Escolhas múltiplas» para estabelecer uma relação entre as «duas pinturas» (uma plástica, outra verbal) é contribuir para [....] ; [«e o resto não se diz»...]; se Pomar e Fonseca...

- «esta pintura rebenta a tela» - artigo de 2015, do «Observador»  , de antes das ASSS.as

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Campos no «639»

 - afastado, mas não «totalmente», R. destaca, em «tempos camonianos», o poema de Campos, hoje saído no «Grupo B» do 639 [« Máscaras, Espelhos...»]:

Depus a máscara e vi-me ao espelho... 
Era a criança de há quantos anos... 
Não tinha mudado nada... 

É essa a vantagem de saber tirar a máscara. 
É-se sempre a criança, 
O passado que fica, 
A criança. 

Depus a máscara, e tornei a pô-la. 
Assim é melhor. 
Assim sou a máscara. 

E volto à normalidade como a um términus de linha. 

                                    Álvaro de Campos, Poesia, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 514. 

quinta-feira, 13 de junho de 2024

«os Camões de Carneiro»

 - Foto de artigo do «Público-Ípsilon», sobre a exposição e a reabertura da Casa-Oficina do pintor simbolista:

[Auto]Retrato de António Carneiro junto de um estudo para a figura de Camões 
ADRIANO MIRANDA
RECORTE(s):
[...] É aqui que podemos também ver estudos para outra das suas obras mais conhecidas, Camões Lendo ‘Os Lusíadas’ aos Frades de São Domingos (1927), e outras representações do poeta. “Eu bem gostaria de poder mostrar todos os Camões de Carneiro, uma figura com uma importância maior na obra dele”, diz o curador, na expectativa, ainda, de que esse desejo possa vir a materializar-se numa segunda exposição, a decorrer em 2025, e que permitiria igualmente assinalar a importância da sua relação com a literatura [...] [sublinhados acrescentados]

segunda-feira, 10 de junho de 2024

N' A Ilha do Amor (Camões por Helder Macedo)

 - pelos 500 anos, ENTREV.a Helder Macedo, no Ípsilon:“O mal de Camões é que, se ele durasse eternamente, ninguém mais escrevia”

RECORTE(s):

[...] N’A Ilha do Amor — eu chamo-a Ilha do Amor de propósito e não Ilha dos Amores, porque não há muitos; é a Ilha criada pelo amor — há aquele episódio do poeta petrarquista, Leonardo, que vai atrás de uma ninfa a dizer versos queixosos, e os versos são tão bonitos que ela é mais relutante em aceitá-lo, porque está a gostar dos versos. Isto é uma referência implícita a essa situação de usar o petrarquismo; inclusive nessa passagem cita um verso inteiro do Petrarca, em italiano, até que finalmente a ninfa aceita o Leonardo, e “todo se desfaz em puro amor”. É uma transposição no sublime daquilo que era um quotidiano. Estas transposições são extraordinárias. [...]

domingo, 19 de maio de 2024

Sebastianismo Camoniano

 - Luís Afonso,  hoje, no «Público» [começa a formar uma «Série»?]

quinta-feira, 16 de maio de 2024

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Cesária

  - a «Dívida» a Cesário, sempre assumida, desta vez num livro de 38 poemas, tendo Lisboa «e Tejo e tudo» como um dos Motivos centrais; outras Mãos, que buscam outras «Visões de Artista»...;

CESÁRIO VERDE

A maior memória que tenho da infância é amarela
Uma imensa tela nos meus olhos
De acácias altas e frondosas
Invasivas
Como uma aguarela impressionista
Com traços violentos
Salpicados
E um tapete de pequenas flores espalhado pelo chão
Como um pigmento divino que fica gravado na sola da alma
Nas bermas das estradas onde caminhávamos
Juntos
De mãos dadas
É o que tento pintar com as palavras
Com uma paleta oval e muitas tintas misturadas nos meus dedos
Cheios de letras
E tu, Cesário. Dentro.

Ana Paula Jardim, Guerra e Paz, rua do arsenal [2024, Maio], p.28
[OUTRO

quinta-feira, 18 de abril de 2024

«Dicionários, precisa-se» + «sonhar, verbo intransitivo»

 - apelo de M. E. C. na Crónica de hoje - «Uma Ideia Peregrina» - «Os escritores dão pouca despesa» [...]

RECORTE(S):

[...]
Só muito poucas pessoas têm a sorte de ter em casa o Moraes, o Caldas Aulete e o Artur Bivar, só para falar dos três que são mais úteis para quem escreve. São também cada vez mais difíceis de encontrar.
Seria uma bela ideia montar um site onde qualquer pessoa pudesse consultar estes e outros dicionários, como os dois de José Pedro Machado (o Grande e o Etimológico), o Cândido Figueiredo e outros dicionários mais ou menos excêntricos, mas fecundos, que só se encontram em alfarrabistas.
[...]
- e, no poema de hoje de «Revolução já! Poesia Pública», «sonhar, verbo intransitivo», de Francisca Camelo, a Epígrafe, do «acessível» Priberam:

1. Ter um sonho ou sonhos.
2. Fantasiar; devanear.
3. Ter ideia fixa.
4. Cuidar em.
5. Pensar com insistência em.
"sonhar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

-1.ª estrofe:
1.

pedem-me que escreva poemas
sobre revolução
mas hoje acordei triste e
não se fazem revoluções
sem alegria. [...]


sexta-feira, 12 de abril de 2024

«Não digas que vais daqui», M. E. C.

 - crónica de hoje; RECORTE(s):

Foi a nossa amiga Sandra que reparou logo, mal leu a crónica de ontem sobre o "e já vais com sorte", que faltava uma expressão ainda mais portuguesa: o "não digas que vais daqui".
É uma expressão magnífica por ser manca. A cabeça estrangeira, ou desabituada do popular, pergunta logo: "Não digas que vais daqui... com quê... ou semquê?" A elipse é tão grávida que promete trigémeos. Mas a elipse só existe se quisermos.[...] 
A versão comprida, que seria muito mais chata, é: "Acabei de te dar uma coisa que toda a gente quer. Por amor de Deus, não digas a ninguém que fui eu que te dei! Porque senão tenho aí a populaça toda a bater à minha porta, de boca espumante e dedinho tremelicante, a ver se também têm direito a esta voluptuosa benesse" [...]

segunda-feira, 25 de março de 2024

«Tu, o mais abstracto dos pronomes,»; Júdice, Nuno

 EXERCÍCIO DE GRAMÁTICA

Tu, que 
os ventos percorrem
com os lábios
do horizonte,
e uma nuvem estranha cobre
com o lençol amargo 
da madrugada: dá-me
as tuas mãos, agora
que o teu nome se 
demora nos ouvidos da terra;
ou corre por esse rio
subterrâneo que desagua
no fundo
dos espelhos, de onde
nenhuma voz te chama.

Tu, o mais 
abstracto dos pronomes,
vestida com o fogo surdo
da última vogal, como
se uma sombra de silêncios
dançasse por entre
murmúrios e memórias; não
partas com o nascer do dia,
o sonho vago de um desejo,
ou a luz efémera com 
que te olhei.

Fica na tinta dos meus dedos,
resto de um verso, segredo
sem rosto; ou leva-me contigo,
limpo de reflexos e pronomes,
enquanto um rumor de fonte
me ensina a encontrar-te.

Nuno Júdice, O movimento do mundo (1996); transcrito de 50 anos de Poesia - Antologia pessoal, 2022, pp. 82-83

sexta-feira, 22 de março de 2024

Honwana e Ondjaki (60 anos de «cães tinhosos» + «Mãos de pretos»)

- 86-87 a 92, Nova; lembra-se D. de os colegas MOÇ.os comentarem a inclusão da obra de Honwana nos progr.as escolares...; mas não vai agora «inventar pormenores de Memória»...;

- vários artigos, no Ípsilon, sobre «Nós matámos o cão tinhoso»: AQUI; AQUI; ENTREv. a Ondjaki

- muitas vezes, nos Qd.os, propôs sobretudo «As mãos dos pretos» - RECORTE:

[...] O Senhor Antunes da Coca-Cola, que só aparece na vila de vez em quando, quando as coca-colas das cantinas já tenham sido todas vendidas, disse que tudo o que me tinham contado era aldrabice. Claro que não sei se realmente era, mas ele garantiu-me que era. Depois de eu lhe dizer que sim, que era aldrabice, ele contou então o que sabia desta coisa das mãos dos pretos. Assim:
 “Antigamente, há muitos anos, Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Virgem Maria, São Pedro, muitos outros santos, todos os anjos que nessa altura estavam no céu e algumas pessoas que tinham morrido e ido para o céu, fizeram uma reunião e decidiram fazer pretos. Sabes como? Pegaram em barro, enfiaram-no em moldes usados e para cozer o barro das criaturas levaram-nas para os fornos celestes; como tinham pressa e não houvesse lugar nenhum, ao pé do brasido, penduraram-nas nas chaminés. Fumo, fumo, fumo e aí os tens escurinhos como carvões. E tu agora queres saber porque é que as mãos deles ficaram brancas? Pois então se eles tiveram de se agarrar enquanto o barro deles cozia?!”.
     Depois de contar isto o Senhor Antunes e os outros Senhores que estavam à minha volta desataram a rir, todos satisfeitos.[...]

sábado, 16 de março de 2024

«Roubado a Cesário» - Parrado, Luís Filipe

ROUBADO A CESÁRIO

Mais tarde, pela fresca, fomos todos

roubar ameixas. Em algum momento,

nunca se soube qual,

de tão carregado que estava

um dos troncos cedeu ao peso dos frutos

e tombou por terra. Julguei que esse tinha sido

o ponto alto do dia, com os cestos

a abarrotar, cheios até cima,

mas tu enrolaste o cabelo num novelo

e prendeste-o com um lápis no topo da cabeça,

aparentemente sem te dares conta do que fazias.

Como um rasgão, em surdina,

eu vi a curva perfeita do teu pescoço.

 Luís Filipe Parrado, Museu da angústia natural, 2023, p. 10

terça-feira, 12 de março de 2024

«Os Lusíadas» - 1.ª Edição

 - antiquíssima questão - agora (quase) solucionada pela «teoria de uma Contrafacção posterior? - artigo do Ípsilon:

Um editor do século XVI que fez uma impressão-pirata d’Os Lusíadas
No ano em que começam a comemorar-se os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, que não se sabe ao certo quando nasceu, e no dia em que se assinala mais um aniversário da data de publicação d’Os Lusíadas (também ela, na verdade, ignorada), há pelo menos um enigma secular que pode mesmo ter sido resolvido: novos dados parecem indicar de forma concludente que a primeira edição da épica camoniana, saída dos prelos de António Gonçalves em 1572, em Lisboa, foi mesmo objecto de uma contrafacção, produzida poucos anos depois, quando o poeta já tinha morrido. [...]

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

«E agora, José?»

 - «diálogos intertextuais» com o poema de Drummond são inúmeros - realce-se o de Cardoso Pires; no DOC de 98, cerca do min. 30,  AQUI, ou «na página digital» - registe-se outro: 

RECORTE(s):

    E agora, José? Perturba-me, é um desconforto, ver-me ali no que foi a torrezinha feliz da minha juventude e já não é mais que o banal quarto de hotel que um qualquer pode alugar.
    Pouco a pouco deixo-me tomar pela melancolia que vem da perda irremediável das pessoas, dos lugares, das horas de alegria. E agora, José? Repito a pergunta, feita mil vezes desde o dia em que nos verdes anos tinha lido o poema de Drummond de Andrade e ele se me afigurara desesperado, inutilmente triste. «E agora, José? 7 A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu... sem cavalo preto / que fuja a galope, / você marcha, José! / José, para onde?»

                                        J. Rentes de  Carvalho, La coca (2011), 2023, p. 197

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

«ricardo reis (o magusto de)» Ou «come castanhas, pequena lídia») ; Graça Moura

 - «ressurgido», em releitura...

o magusto de ricardo reis

                  (para o josé blanco)

                 um púcaro com vinho refrescava 
                 sobriamente a sua sede

                                    ricardo reis

" - come castanhas, pequena lídia escrava.
não caces borboletas,  pousa a rede".
isto dizia e enquanto a arreliava
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

bucólicos, o vate e lídia, a flava.
aos pósteros, inscrito na parede,
ser tempo de beber se recordava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

entanto lídia as rosas apanhava,
as fugazes e ledas. e vós vede,
como a colher o dia as desfolhava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

a vida é um ouriço e em nós se crava
se não soubermos afastá-lo. crede
que lídia só castanhas mordiscava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

Vasco Graça Moura (1942-2014), Poemas com pessoas, Quetzal, 1997, p. 59

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

«Não é por nada», M. E. C.

- o sempre ambíguo Motivo da «DUPLA NEGATIVA», na crónica de hoje de MEC
RECORTE(S): 
Não é por nada
O fraquinho que os portugueses têm pelas duplas negativas tem o condão de confundir os que aprendem a nossa língua: não será esse um dos objectivos?
[...] As duplas negativas também servem para encobrir mentiras. Uma vez, uma mãe veio ter comigo e disse-me assim: “Não é por nada, mas tem a T-shirt do meu filho colada ao seu pneu da frente.”
Ainda hoje estremeço a lembrar-me da violência e do ódio daquele “não é por nada”. Em que é que ficamos? “Não é por nada” quer dizer que não é nada; que é coisa pouca; ou que é uma coisa importantíssima?
[...]

terça-feira, 24 de outubro de 2023

«Antes no Chiado do que neste Fado» OU «Tédio oitocentista»

 - ouvido no sábado, o POD.s de D. F. - «A contar...»,  sobre o Género Opereta; -  entre os minutos 21 e.... evoca a recentemente resgatada Opereta, incompleta, «A morte do Diabo», de 1869, do «jovem Eça» e de Outros [...]

domingo, 22 de outubro de 2023

É a Hora: de Fernão Lopes OU «Vale mais tarde do que nunca?»

 - lembra-se: em 9293, no «1.º Bloco» (10.º), passava-se do texto «não-literário» (ou «jornalístico»), na 1.ª Etapa,  para os excertos da «Crónica de D. João I» - era uma «espécie de Hecatombe didáctica» [...]; foi depois de novo retirado e, no «Cardápio» actual (desde 2015, pelo menos), ocupa, também no 1.º Bloco, «ainda mais curtos excertos» [...]

- ao longo dos tempos, com Qd.s de «ADV», R. ironizava que, quando argumentistas de língua inglesa o «descobrissem», daria «múltiplos Episódio em Série tipo Netflix»...; já estará menos longe disso, pois a 1.ª tradução integral, para Inglês, está em lançamento - Entrevista com a Investigadora-Tradutora no «DN» - «quase» 6 séculos depois, não se aplicará o Provérbio «Vale mais tarde do que nunca»?

sábado, 30 de setembro de 2023

«falar com a boca toda»

 RECORTE (a seguir ao anterior):

     [..] Em criança, quando me esforçava por me exprimir numa linguagem pura, tinha a impressão de me lançar no vazio.
    Um dos meus terrores imaginários, ter um pai professor que me obrigasse a falar bem permanentemente, realçando as palavras. Falávamos com a boca toda.
     Como a professora me «repreendia», mais tarde eu quis repreender o meu pai, dizer-lhe que «deslargar» ou «há anos atrás» não existiam. Entrou numa cólera violenta. Noutra ocasião: «Como quer que eu não seja repreendida, se fala sempre mal!» Eu chorava. Ele ficava infeliz. Tudo o que se refere à linguagem é, na minha recordação, motivo de rancor e de  troça dolorosa [...]
     
Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 46

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

«medo terrível da palavra dúbia»

      RECORTE(S):
     O patoá tinha sido a única língua dos meus avós. Há quem aprecie o «pitoresco do patoá» e do Francês popular. É assim que Proust encarava com enlevo as incorrecções e os vocábulos antiquados de Françoise. Somente lhe importava a estética, porque Françoise era sua criada e não sua mãe. A ele, nunca acudiu espontaneamente aos lábios esse tipo de linguagem.
    Para o meu pai, o patoá era algo velho e feio, um sinal de inferioridade. Orgulhava-se de ter podido desembaraçar-se dele em parte, ainda que o seu francês não fosse impecável, mas era francês. [...]
     Comunicativo no café, em família, diante das pessoas que falavam bem calava-se, ou interrompia-se a meio de uma frase e dizia «não é assim» ou apenas «não», com um gesto de mão para convidar a pessoa a compreender e prosseguir em vez dele. Falar sempre com precaução, um medo terrível da palavra dúbia, desse efeito tão pernicioso como dar um traque. [...]

Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 45

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

«Para o que lhe havia de dar» OU «o problema da colocação dos pronomes» (M. E. C.)

 - Crónica de hoje - Recorte(s):

“Para o que havia de dar-lhe!” exclamou o professor estrangeiro, justamente vaidoso da fluência do seu português. E logo os tugas saltaram-lhe todos para cima e emendaram-no em uníssono: “Para o que lhe havia de dar! Para o que lhe havia de dar, Teddy, para o que lhe havia de dar!”
Como castigo, tivemos de sofrer uma longa exposição do Teddy, em que chorava os anos que tinha perdido a aprender a nossa língua, e o volume perdido de O Problema da Colocação de Pronomes [1917] de Cândido de Figueiredo, que nunca tinha conseguido recuperar e que, se calhar, estava na origem daquele erro tão ofensivo.
[...]
É com certeza parente do Ao que isto chegou, e primo em terceiro grau do Só faltava [mais] esta.

Para mim, o dar ainda é mais giro do que o haverDe onde virá esta dádiva?

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Musa

     [...] Chamam amiúde à mãe a musa do pai. Ao Pai, não chamam a musa da mãe. Ele era homem, ela era uma rapariga, ele era velho, ela era nova, ele procurava, ela foi descoberta, ele viu-a, ela foi vista. Em suma, é isto. Ele criava, ela inspirava. [...]
[...] Designaram quase todas as mães [...] como musas. [...] O pai não se referia às mulheres da sua vida como musas. Creio que ele não usava essa palavra. Referia-se às mulheres como Stradivarius - violinos, instrumentos, mas não como musas.
     Em norueguês, musa (muse) é uma palavra um pouco ridícula, porque não podemos deixar de pensar em rato (musa) e vulva (musa). [...]
                                  
                                           Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, pp. 184 - 185

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Manuel António Pina

 - documentário de 2011, «Um sítio onde pousar a cabeça», de Alberto Serra : AQUI; ou na «RTP Play»: AQUI e AQUI

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Títulos

 - excerto em que o título «Os inquietos» é  «filiado» no «Livro do Desassossego»:

[...] Dá muito trabalho começar a movimentar-se todas as manhãs, sobretudo quando se tem 89 anos, e de vez em quando a opção mais óbvia é a de voltar a dormir, ou a de não chegar sequer a acordar. O que é que Pessoa escreve no Livro do Desassossego? Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir. De vez em quando, antes, Pessoa surgia em conversas enquanto planeávamos o nosso livro - talvez pudéssemos roubar ou dar uma volta ao título de Pessoa, mas é possível que soasse demasiado pretensioso, não deveríamos ter-nos em demasiada conta, é uma arte saber onde está o limite do pretensiosismo, mas funcionava bem como título provisório, talvez encontrássemos outro quando tivéssemos tudo pronto para lançar o livro, mas por aquela altura ele já se tinha esquecido de Pessoa. 

                                                       Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, p. 66

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Clima na Literatura (J. B.)

- dossiê no «Ípsilon», de A. A. Soares, sobre o Motivo do Clima na Literatura - com referências a J. B. e outros autores; AQUI

O clima bate à porta da literatura portuguesa
A literatura portuguesa está a começar a olhar para a crise climática, contando com exemplos tanto no romance como na poesia;  GABRIELA GÓMEZ (Ilustração de)




quinta-feira, 6 de julho de 2023

«Appetite for destruction...» - A. Carlos Cortez

 - nesta crónica de A. C. Cortez relaciona-se um poema de Gastão Cruz, de «Escarpas», de 2010 [poema e Crónica transcritos AQUI] com o «Provincianismo Tecnológico» que vem dominando Quadrados e não só [...], de caminho, ridiculariza-se a «frase feita» («A Geração mais...»), tão repetida por «quem manda»...

RECORTE:

[...] Mas não era previsível a alienação, a ignorância, a incuriosidade dos "nativos digitais" quanto aos mais diversos saberes, uma vez imersos no mundo digital? Todos vemos que nada leem e pouco sabem, porque se tudo o que importa está "à distância de um clique", tudo o que exija esforço lhes é odioso. Jamais o "como" e o "para quê" das aprendizagens é questionado pelos estudantes. Decorar sem saber, dizer umas quantas coisas politicamente corretas, isso basta para garantir classificações acima do 16. [...]

- [ver tb. a«parte I», Crónica anterior:

Appetite for destruction: os filhos da pandemia (parte 1)

quarta-feira, 21 de junho de 2023

O Motivo da Mão no «639», II

 - recorte do segundo excerto, do «Memorial...»:

Nem sempre o trabalho corre bem. Não é verdade que a mão esquerda não faça falta. Se Deus pode viver sem ela, é porque é Deus, um homem precisa das duas mãos, uma mão lava a outra, as duas lavam o rosto, quantas vezes já teve Blimunda de limpar o sujo que ficou agarrado às costas da mão e doutro modo não sairia, são os desastres da guerra, mínimos estes, porque muitos outros soldados houve que ficaram sem os dois braços, ou as duas pernas, ou as suas partes de homem, e não têm Blimunda para ajudá-los ou por isso mesmo a deixaram de ter. É excelente o gancho para travar uma lâmina de ferro ou torcer um vime, é infalível o espigão para abrir olhais no pano de vela, mas as coisas obedecem mal quando lhes falta a carícia da pele humana, cuidam que se sumiram os homens a quem se habituaram, é o desconcerto do mundo. Por isso, Blimunda vem ajudar, e, chegando ela, acaba-se a rebelião, Ainda bem que vieste, diz Baltasar, ou sentem-no as coisas, não se sabe ao certo.  Uma vez por outra, [...]

José Saramago, Memorial do Convento, 27.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1998, pp. 91-92.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O Motivo da Mão no «639»

 - E, no «639», hoje, 19, excertos das obras de Saramago, «centrados» no motivo da Mão [...]

- O primeiro, de O Ano da Morte... , «quase todo», com um «código de cores «semelhante ao usado nos anos finais dos Qd.os:

A rapariga fica de perfil, o homem está de costas, conversam em voz baixa, mas o tom dela subiu quando disse, Não, meu pai, sinto-me bem, são portanto pai e filha, conjunção pouco costumada em hotéis, nestas idades. O criado veio servi-los, sóbrio mas familiar de modos, depois afastou-se, agora a sala está silenciosa, nem as crianças levantam as vozes, estranho caso, Ricardo Reis não se lembra de as ter ouvido falar, ou são mudas, ou têm os beiços colados, presos por agrafes invisíveis, absurda lembrança, se estão comendo. A rapariga magra acabou a sopa, pousa a colher, a sua mão direita vai afagar, como um animalzinho doméstico, a mão esquerda que descansa no colo. Então Ricardo Reis, surpreendido pela sua própria descoberta, repara que desde o princípio aquela mão estivera imóvel, recorda-se de que só a mão direita desdobrara o guardanapo, e agora agarra a esquerda e vai pousá-la sobre a mesa, com muito cuidado, cristal fragilíssimo, e ali a deixa ficar, ao lado do prato, assistindo à refeição, os longos dedos estendidos, pálidos, ausentes. Ricardo Reis sente um arrepio, é ele quem o sente, ninguém por si o está sentindo, por fora e por dentro da pele se arrepia, e olha fascinado a mão paralisada e cega que não sabe aonde há de ir se a não levarem, aqui a apanhar sol, aqui a ouvir a conversa, aqui para que te veja aquele senhor doutor que veio do Brasil, mãozinha duas vezes esquerda, por estar desse lado e ser canhota, inábil, inerte, mão morta mão morta que não irás bater àquela porta. [...] 

José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, 10.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1993, pp. 26-27

sexta-feira, 2 de junho de 2023

«Aquilo era mais batata...» = «A frase mais portuguesa de sempre» - M. E. C.

  - toda e qualquer a referência ao «Bacalhau Espiritual» remete R. para a C. da C. (78-80), para a Chefe Clot. [...] [«e o resto não se diz»]

RECORTE inicial da Crónica de hoje - «A conversa mais portuguesa»:
Finalmente descobri a frase mais portuguesa de sempre, aquela que define a nossa nacionalidade.
A frase é: "Aquilo era mais batata do que outra coisa." Só um português sabe o que a frase esconde: uma queixa antiquíssima que corresponde a uma insatisfação insatisfazível. É a insuficiência de bacalhau.
A insuficiência de bacalhau: dá para uma tese de doutoramento.
Estamos a pôr o dedo numa das grandes feridas da nossa cultura quotidiana – a pôr o dedo e a escarafunchar, para doer mais ainda. [...]
Miguel Esteves Cardoso, «Público», 02-06-2023

quarta-feira, 3 de maio de 2023

«A Pena, a Espada, a Memória», Paula Morão sobre M. A.

 - no programa «Nada será como dante», de 25-04-2023, do início até cerca do sétimo minuto ..... ; 
- Filipa Leal diz «Letra para um hino», a partir do minuto 17,25...

- [substituir os vários volumes adquiridos ao longo do tempo pelo volume único ora publicado seria não só oneroso como (...)]

- [já agora, o artigo de Afonso de Melo («EX-6.ºDrto»?), a 30 de Março, no «SOL»]

sábado, 18 de março de 2023

A Escola do Paraíso

 - várias têm sido as referências à E. do P., «nestas casas»... - [a primeira obra discutida no Ciclo 02-05...] finalmente, ou de novo, disponível, no caso, como 3.º número da Colecção «Biblioteca P», no «Público», por votos do público - em ed. cuidada e a preço acessível [...]

Parte inicial da Introdução, de Luís Farinha, também ontem publicada no jornal:

    A Escola do Paraíso constituiu parte de uma trilogia literária de evocação histórica e memorialística que Rodrigues Miguéis quis publicar sobre a primeira parte do século XX português. Iniciou-o com a publicação deste seu primeiro romance, sob a condução do alter-ego “Gabriel”, “um menino fraco” e sensível, com uma infância feliz, (no bairro, na família e na escola do Paraíso), e continuou-o, com o recurso ao mesmo “Gabriel”, jovem adulto, em Milagre segundo Salomé (1975), ator e narrador desdobrado das vicissitudes e descalabros da República moribunda que desembocou na Ditadura Militar. O segundo livro desta trilogia, que Miguéis anunciou — diz ele que precipitadamente — com o título de Os Filhos de Lisboa, nunca chegou a ser publicado. Como explicou mais tarde, quando lhe foi necessário enfrentar a crítica, já há muito tinha começado a escrever aquela que considerava a sua obra maior — "O Milagre segundo Salomé” — e tinha mesmo já escrito algumas partes de Os Filhos de Lisboa. Assim sendo, A Escola do Paraíso, sendo o primeiro romance a ser publicado (1960), foi na verdade o último a ser concebido na sua integralidade, estruturado segundo afirma, por volta de 1957/58. Não que não tivesse já muito material escrito para integrar: o “apontamento" do primeiro episódio data de 2 de março de 1934, de Lisboa, portanto”, explica. Assim como episódios antes publicados na Seara Nova e que, em 1960, aparecem recriados ou fundidos no romance. [...]

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Ruben A. : «um estilo nunca em nossa língua usado» (Nemésio)

 - é de Dezembro, este n.º 146 da Colecção «O essencial» da INCM, de F. Pinto do Amaral; existia, no sábado, na BERT-ALV, evitando deslocação à Sede; mas também está disponível, generosa e totalmente, na INCM, isto é, em qualquer COMP....

RECORTE daí, da p. 11:

[...] Fica assim destacada como ponto nevrálgico desta leitura a criatividade verbal de Ruben A., que contamina tudo o que escreve com uma dose de originalidade talvez comparável à de um meteoro que passa e nos traz coisas novas, coisas de fora de aqui, coisas de um lado de lá do mundo, em processos de escrita por vezes próximos do surrealismo. Há em Ruben uma consciência disso, mas ao mesmo tempo um arrastar dessa consciência para terrenos novos e inexplorados, regiões da linguagem humana onde ninguém tinha ido — e essa é uma das principais qualidades de um escritor. Tal como afirmou Nemésio, Ruben era detentor de «um estilo nunca em nossa língua usado», numa inquietação literária mas também existencial que marcaria toda a sua vida. [...]

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

À barca, à barca, houlá! / que temos gentil maré! / - Ora venha o carro a ré!

 - «Volta, Mestre Gil, que estás perdoado»

[nota, em data posterior: durou uns dias a «Espuma» provocada pelas duas propostas de Envelope - pôr-se no Papel (no Lugar?) de Alcoviteira ou de «Menina para os cónegos da Sé» - provavelmente, nem com muita imaginação....]

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

«Camões e a Tença...»

 - desta vez, não se convoca aqui o conhecido poema de Sena..., ; viu-se o «Expresso», Revista «E», de 29 de Janeiro, para ler o artigo de António Valdemar - uma súmula biográfica, informada, com destaque para as questões que permanecem (e permanecerão) «em aberto»; 

Ilustração de Helder Oliveira

- no final, é retomado a «velhíssima questão» do valor da Tença, com os cálculos e depoimentos de 3 estudiosos [...];

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

«Aquele que trouxe o corpo erótico para a poesia»

- Centenário do Nascimento:

- Artigos de Luís Miguel Queiroz, no Ípsilon, com depoimentos e referências várias à Oficina: AQUI e AQUI

RECORTE: [Rosa Maria Martelo]:“Eugénio traz o corpo erótico para a poesia de maneira muito afirmativa, por vezes eufórica até [...]

Retrato - Jorge Ulisses, 1980

- 10 poemas, transcritos no ípsilon, a 20 de janeiro;

- 3 poemas inéditos, na RTP, junto do Acervo do amigo Dario Gonçalves

- idêntico, também na RTP - com curto roteiro pelo Porto

- Exposição «A arte dos versos», com curadoria de Jorge Sobrado e Rita Roque, em «breve» na RTP

- Centenário (a caminho do), na «Antena 2» - 15 «episódios», com  leituras de vários poemas [...]; de 2 a 19  de Janeiro, de Paula Morão a Arnaldo Saraiva; na mesma Lista, a 19, «Império dos Sentidos», com Bertolazzi, Mendes de Sousa, e Helena Rodrigues; 

- Documentário, de Jorge Campos, de 1993: AQUI

- 40 referèncias, «miscelânicas» (inclui a anterior, por exemplo), em «Colcção», na «RTP Arquivo»: AQUI