domingo, 29 de maio de 2016

«Testes á Visão Grátis» - FIM

«Testes á Visão Grátis» 
- em letras «Grandes», numa Tarja colada na Diagonal, na Montra de Optopmetrista da G. R. [...] - [terá aberto algum tempo, não muito,  depois de V. vir para o Galhardo, em Set. de 96...]

- um dia, quando ainda ia a pé para o Palácio, dirigiu-se ao Dono (e Técnico da Área), «protestando» pelos dois erros...; não se lembra da resposta («agreste»? «boçal-indiferente»?) da «Figura», mas o Letreiro lá continuou ...

- hoje, a caminho do «café+jornal» matinais, V. deparou-se com a montra coberta de jornais; terá falido, finalmente? [é que, Clientes, nunca lá avistou muitos...]

- Well, não há como o Tempo, para... [« e o resto não se diz...»]

terça-feira, 24 de maio de 2016

«parágrafos corridos, vírgulas alfandegárias»

- e de um texto para uso funcional» em Envelope sai um Recorte:

[...] A língua foi-lhe uma pátria, como disse Pessoa. Um território de parágrafos corridosvírgulas alfandegáriasnarradores metediços, efabulações fantásticas que guardavam parábolas, alegorias, metáforas, maravilhamentos. E se, um dia, todos ficassem cegos? E se a morte não matasse? E se Caim viajasse no tempo? E se Blimunda e Baltasar se perdessem nos olhos um do outro? E se um elefante indiano atravessasse a Europa e mergulhasse no nevoeiro, como um escritor que enfrentasse a morte? [...]

 Sílvia Cunha, Visão, n.º 903,  24 de junho de 2010
[sublinhados acrescentados]

sábado, 14 de maio de 2016

Número de «Costas», por M. E. Cardoso

Recortes da Narrativa de Miguel Esteves Cardoso, de hoje -«As nossas costas» , no Público:

  Em francês, inglês e italiano a parte do nosso corpo a que chamamos as nossas costas  não são muitas nem várias nem poucas nem duas. É só uma.Le dosthe back e la schiena ou il dorso estão no singular. [...]
   Em português alguém pode dizer "tenho uma dor nas costas" e a pessoa com quem está a falar pode perguntar "em quais, ao certo?" ou "só nalgumas ou em todas?
   O outro lado das costas não são as frentes. Temos dois olhos, ombros, braços e duas pernas, orelhas e mãos porque, embora semelhantes, estão separadas: umas e uns à esquerda, outros e outras à direita. [...]
    As costas serão duas (a superior e a inferior)? Não.  [...]
       Se nós, os que falam português, sentirmos, singularmente, uma única dor num único sítio do nosso dorso, temos a estranhia mania de pluralizar [...]
     O que é que se passa connosco e com a nossa língua? É a eterna pergunta interessante e irrespondível. Que tristeza seria acharmos que, nalgum dia do futuro, outros saberão responder por nós - ou, pior, que  deixarão de perguntar.