segunda-feira, 27 de agosto de 2018

«levantar-se da mesa a cair»

«Fernando Pessoa apareceu duas noites depois, regressava Ricardo Reis do seu jantar, sopa, um prato de peixe, pão, fruta, café, sobre a mesa dois copos, o último sabor que leva na boca, como ficámos cientes, é o do vinho, mas deste freguês não há um só criado que possa afirmar, Bebia de mais, levantava-se da mesa a cair, repare-se na curiosa expressão, levantar-se da mesa a cair, por isso é fascinante a linguagem, parece uma insuperável contradição, ninguém, ao mesmo tempo, se levanta e cai, e contudo temo-lo visto abundantes vezes, ou experimentado com o nosso próprio corpo, mas de Ricardo Reis não há testemunhas na história da embriaguez. Sempre tem estado lúcido quando lhe aparece Fernando Pessoa, […]

José Saramago, O ano da morte…, Porto Editora, 23.ª ed., p. 321

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Trocadilho (teoria do)

- recortes da tripla entrevista com os editores da obra de Sesinando (A. B. B., R. A. P. e L. C. G.), no Ipsilon de 17-08:

AQUI

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

«(quando, afinal) a alma é pequena» OU de Camões a Pessoa há que «PARAR» em Cesário

- [«Educação Literária», eis uma exp. com que M. faz o Possível por Embirrar o mais possível, pois prefere S. L....; adiante...]

- Recorte de Artigo de hoje, no Público, de H. C. Buescu:
 [...] No 11.º ano, permitam-me dizer que há, não um, mas dois escândalos: o desaparecimento da orientação explícita de que Os Maias são uma das obras preferenciais de Eça de Queirós a ler (...); e aqueloutra que, de Cesário Verde, se limita a dizer que é obrigatória a leitura de três poemas, sem mencionar o extraordinário O Sentimento dum Ocidental, poema sem o qual Fernando Pessoa não existiria, como muita da poesia do século XX nunca teria podido existir. Não perceber isto representa uma terrível ignorância. Como se pode operacionalizar a reflexão sobre o lugar da épica na poesia portuguesa (proposta no Programa) eliminando o maior elo entre Camões e Fernando Pessoa, que é Cesário Verde? [...]

Nota de M.:
- ao longo de mais de duas décadas, nunca M. percebeu, na E. do Paraíso, como aparecem sem ter lido Cesário com «olhos de Ler», e não com trab.os de «chacha» (e até nem não são as 700 páginas de «Os Maias»...)