sábado, 16 de março de 2024

«Roubado a Cesário» - Parrado, Luís Filipe

ROUBADO A CESÁRIO

Mais tarde, pela fresca, fomos todos

roubar ameixas. Em algum momento,

nunca se soube qual,

de tão carregado que estava

um dos troncos cedeu ao peso dos frutos

e tombou por terra. Julguei que esse tinha sido

o ponto alto do dia, com os cestos

a abarrotar, cheios até cima,

mas tu enrolaste o cabelo num novelo

e prendeste-o com um lápis no topo da cabeça,

aparentemente sem te dares conta do que fazias.

Como um rasgão, em surdina,

eu vi a curva perfeita do teu pescoço.

 Luís Filipe Parrado, Museu da angústia natural, 2023, p. 10

terça-feira, 12 de março de 2024

«Os Lusíadas» - 1.ª Edição

 - antiquíssima questão - agora (quase) solucionada pela «teoria de uma Contrafacção posterior? - artigo do Ípsilon:

Um editor do século XVI que fez uma impressão-pirata d’Os Lusíadas
No ano em que começam a comemorar-se os 500 anos do nascimento de Luís de Camões, que não se sabe ao certo quando nasceu, e no dia em que se assinala mais um aniversário da data de publicação d’Os Lusíadas (também ela, na verdade, ignorada), há pelo menos um enigma secular que pode mesmo ter sido resolvido: novos dados parecem indicar de forma concludente que a primeira edição da épica camoniana, saída dos prelos de António Gonçalves em 1572, em Lisboa, foi mesmo objecto de uma contrafacção, produzida poucos anos depois, quando o poeta já tinha morrido. [...]

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

«E agora, José?»

 - «diálogos intertextuais» com o poema de Drummond são inúmeros - realce-se o de Cardoso Pires; no DOC de 98, cerca do min. 30,  AQUI, ou «na página digital» - registe-se outro: 

RECORTE(s):

    E agora, José? Perturba-me, é um desconforto, ver-me ali no que foi a torrezinha feliz da minha juventude e já não é mais que o banal quarto de hotel que um qualquer pode alugar.
    Pouco a pouco deixo-me tomar pela melancolia que vem da perda irremediável das pessoas, dos lugares, das horas de alegria. E agora, José? Repito a pergunta, feita mil vezes desde o dia em que nos verdes anos tinha lido o poema de Drummond de Andrade e ele se me afigurara desesperado, inutilmente triste. «E agora, José? 7 A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu... sem cavalo preto / que fuja a galope, / você marcha, José! / José, para onde?»

                                        J. Rentes de  Carvalho, La coca (2011), 2023, p. 197

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

«ricardo reis (o magusto de)» Ou «come castanhas, pequena lídia») ; Graça Moura

 - «ressurgido», em releitura...

o magusto de ricardo reis

                  (para o josé blanco)

                 um púcaro com vinho refrescava 
                 sobriamente a sua sede

                                    ricardo reis

" - come castanhas, pequena lídia escrava.
não caces borboletas,  pousa a rede".
isto dizia e enquanto a arreliava
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

bucólicos, o vate e lídia, a flava.
aos pósteros, inscrito na parede,
ser tempo de beber se recordava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

entanto lídia as rosas apanhava,
as fugazes e ledas. e vós vede,
como a colher o dia as desfolhava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

a vida é um ouriço e em nós se crava
se não soubermos afastá-lo. crede
que lídia só castanhas mordiscava.
       um púcaro com vinho refrescava 
       sobriamente a sua sede

Vasco Graça Moura (1942-2014), Poemas com pessoas, Quetzal, 1997, p. 59

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

«Não é por nada», M. E. C.

- o sempre ambíguo Motivo da «DUPLA NEGATIVA», na crónica de hoje de MEC
RECORTE(S): 
Não é por nada
O fraquinho que os portugueses têm pelas duplas negativas tem o condão de confundir os que aprendem a nossa língua: não será esse um dos objectivos?
[...] As duplas negativas também servem para encobrir mentiras. Uma vez, uma mãe veio ter comigo e disse-me assim: “Não é por nada, mas tem a T-shirt do meu filho colada ao seu pneu da frente.”
Ainda hoje estremeço a lembrar-me da violência e do ódio daquele “não é por nada”. Em que é que ficamos? “Não é por nada” quer dizer que não é nada; que é coisa pouca; ou que é uma coisa importantíssima?
[...]

terça-feira, 24 de outubro de 2023

«Antes no Chiado do que neste Fado» OU «Tédio oitocentista»

 - ouvido no sábado, o POD.s de D. F. - «A contar...»,  sobre o Género Opereta; -  entre os minutos 21 e.... evoca a recentemente resgatada Opereta, incompleta, «A morte do Diabo», de 1869, do «jovem Eça» e de Outros [...]

domingo, 22 de outubro de 2023

É a Hora: de Fernão Lopes OU «Vale mais tarde do que nunca?»

 - lembra-se: em 9293, no «1.º Bloco» (10.º), passava-se do texto «não-literário» (ou «jornalístico»), na 1.ª Etapa,  para os excertos da «Crónica de D. João I» - era uma «espécie de Hecatombe didáctica» [...]; foi depois de novo retirado e, no «Cardápio» actual (desde 2015, pelo menos), ocupa, também no 1.º Bloco, «ainda mais curtos excertos» [...]

- ao longo dos tempos, com Qd.s de «ADV», R. ironizava que, quando argumentistas de língua inglesa o «descobrissem», daria «múltiplos Episódio em Série tipo Netflix»...; já estará menos longe disso, pois a 1.ª tradução integral, para Inglês, está em lançamento - Entrevista com a Investigadora-Tradutora no «DN» - «quase» 6 séculos depois, não se aplicará o Provérbio «Vale mais tarde do que nunca»?

sábado, 30 de setembro de 2023

«falar com a boca toda»

 RECORTE (a seguir ao anterior):

     [..] Em criança, quando me esforçava por me exprimir numa linguagem pura, tinha a impressão de me lançar no vazio.
    Um dos meus terrores imaginários, ter um pai professor que me obrigasse a falar bem permanentemente, realçando as palavras. Falávamos com a boca toda.
     Como a professora me «repreendia», mais tarde eu quis repreender o meu pai, dizer-lhe que «deslargar» ou «há anos atrás» não existiam. Entrou numa cólera violenta. Noutra ocasião: «Como quer que eu não seja repreendida, se fala sempre mal!» Eu chorava. Ele ficava infeliz. Tudo o que se refere à linguagem é, na minha recordação, motivo de rancor e de  troça dolorosa [...]
     
Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 46

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

«medo terrível da palavra dúbia»

      RECORTE(S):
     O patoá tinha sido a única língua dos meus avós. Há quem aprecie o «pitoresco do patoá» e do Francês popular. É assim que Proust encarava com enlevo as incorrecções e os vocábulos antiquados de Françoise. Somente lhe importava a estética, porque Françoise era sua criada e não sua mãe. A ele, nunca acudiu espontaneamente aos lábios esse tipo de linguagem.
    Para o meu pai, o patoá era algo velho e feio, um sinal de inferioridade. Orgulhava-se de ter podido desembaraçar-se dele em parte, ainda que o seu francês não fosse impecável, mas era francês. [...]
     Comunicativo no café, em família, diante das pessoas que falavam bem calava-se, ou interrompia-se a meio de uma frase e dizia «não é assim» ou apenas «não», com um gesto de mão para convidar a pessoa a compreender e prosseguir em vez dele. Falar sempre com precaução, um medo terrível da palavra dúbia, desse efeito tão pernicioso como dar um traque. [...]

Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 45

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

«Para o que lhe havia de dar» OU «o problema da colocação dos pronomes» (M. E. C.)

 - Crónica de hoje - Recorte(s):

“Para o que havia de dar-lhe!” exclamou o professor estrangeiro, justamente vaidoso da fluência do seu português. E logo os tugas saltaram-lhe todos para cima e emendaram-no em uníssono: “Para o que lhe havia de dar! Para o que lhe havia de dar, Teddy, para o que lhe havia de dar!”
Como castigo, tivemos de sofrer uma longa exposição do Teddy, em que chorava os anos que tinha perdido a aprender a nossa língua, e o volume perdido de O Problema da Colocação de Pronomes [1917] de Cândido de Figueiredo, que nunca tinha conseguido recuperar e que, se calhar, estava na origem daquele erro tão ofensivo.
[...]
É com certeza parente do Ao que isto chegou, e primo em terceiro grau do Só faltava [mais] esta.

Para mim, o dar ainda é mais giro do que o haverDe onde virá esta dádiva?

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Musa

     [...] Chamam amiúde à mãe a musa do pai. Ao Pai, não chamam a musa da mãe. Ele era homem, ela era uma rapariga, ele era velho, ela era nova, ele procurava, ela foi descoberta, ele viu-a, ela foi vista. Em suma, é isto. Ele criava, ela inspirava. [...]
[...] Designaram quase todas as mães [...] como musas. [...] O pai não se referia às mulheres da sua vida como musas. Creio que ele não usava essa palavra. Referia-se às mulheres como Stradivarius - violinos, instrumentos, mas não como musas.
     Em norueguês, musa (muse) é uma palavra um pouco ridícula, porque não podemos deixar de pensar em rato (musa) e vulva (musa). [...]
                                  
                                           Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, pp. 184 - 185

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Manuel António Pina

 - documentário de 2011, «Um sítio onde pousar a cabeça», de Alberto Serra : AQUI; ou na «RTP Play»: AQUI e AQUI

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Títulos

 - excerto em que o título «Os inquietos» é  «filiado» no «Livro do Desassossego»:

[...] Dá muito trabalho começar a movimentar-se todas as manhãs, sobretudo quando se tem 89 anos, e de vez em quando a opção mais óbvia é a de voltar a dormir, ou a de não chegar sequer a acordar. O que é que Pessoa escreve no Livro do Desassossego? Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir. De vez em quando, antes, Pessoa surgia em conversas enquanto planeávamos o nosso livro - talvez pudéssemos roubar ou dar uma volta ao título de Pessoa, mas é possível que soasse demasiado pretensioso, não deveríamos ter-nos em demasiada conta, é uma arte saber onde está o limite do pretensiosismo, mas funcionava bem como título provisório, talvez encontrássemos outro quando tivéssemos tudo pronto para lançar o livro, mas por aquela altura ele já se tinha esquecido de Pessoa. 

                                                       Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, p. 66

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Clima na Literatura (J. B.)

- dossiê no «Ípsilon», de A. A. Soares, sobre o Motivo do Clima na Literatura - com referências a J. B. e outros autores; AQUI

O clima bate à porta da literatura portuguesa
A literatura portuguesa está a começar a olhar para a crise climática, contando com exemplos tanto no romance como na poesia;  GABRIELA GÓMEZ (Ilustração de)




quinta-feira, 6 de julho de 2023

«Appetite for destruction...» - A. Carlos Cortez

 - nesta crónica de A. C. Cortez relaciona-se um poema de Gastão Cruz, de «Escarpas», de 2010 [poema e Crónica transcritos AQUI] com o «Provincianismo Tecnológico» que vem dominando Quadrados e não só [...], de caminho, ridiculariza-se a «frase feita» («A Geração mais...»), tão repetida por «quem manda»...

RECORTE:

[...] Mas não era previsível a alienação, a ignorância, a incuriosidade dos "nativos digitais" quanto aos mais diversos saberes, uma vez imersos no mundo digital? Todos vemos que nada leem e pouco sabem, porque se tudo o que importa está "à distância de um clique", tudo o que exija esforço lhes é odioso. Jamais o "como" e o "para quê" das aprendizagens é questionado pelos estudantes. Decorar sem saber, dizer umas quantas coisas politicamente corretas, isso basta para garantir classificações acima do 16. [...]

- [ver tb. a«parte I», Crónica anterior:

Appetite for destruction: os filhos da pandemia (parte 1)

quarta-feira, 21 de junho de 2023

O Motivo da Mão no «639», II

 - recorte do segundo excerto, do «Memorial...»:

Nem sempre o trabalho corre bem. Não é verdade que a mão esquerda não faça falta. Se Deus pode viver sem ela, é porque é Deus, um homem precisa das duas mãos, uma mão lava a outra, as duas lavam o rosto, quantas vezes já teve Blimunda de limpar o sujo que ficou agarrado às costas da mão e doutro modo não sairia, são os desastres da guerra, mínimos estes, porque muitos outros soldados houve que ficaram sem os dois braços, ou as duas pernas, ou as suas partes de homem, e não têm Blimunda para ajudá-los ou por isso mesmo a deixaram de ter. É excelente o gancho para travar uma lâmina de ferro ou torcer um vime, é infalível o espigão para abrir olhais no pano de vela, mas as coisas obedecem mal quando lhes falta a carícia da pele humana, cuidam que se sumiram os homens a quem se habituaram, é o desconcerto do mundo. Por isso, Blimunda vem ajudar, e, chegando ela, acaba-se a rebelião, Ainda bem que vieste, diz Baltasar, ou sentem-no as coisas, não se sabe ao certo.  Uma vez por outra, [...]

José Saramago, Memorial do Convento, 27.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1998, pp. 91-92.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

O Motivo da Mão no «639»

 - E, no «639», hoje, 19, excertos das obras de Saramago, «centrados» no motivo da Mão [...]

- O primeiro, de O Ano da Morte... , «quase todo», com um «código de cores «semelhante ao usado nos anos finais dos Qd.os:

A rapariga fica de perfil, o homem está de costas, conversam em voz baixa, mas o tom dela subiu quando disse, Não, meu pai, sinto-me bem, são portanto pai e filha, conjunção pouco costumada em hotéis, nestas idades. O criado veio servi-los, sóbrio mas familiar de modos, depois afastou-se, agora a sala está silenciosa, nem as crianças levantam as vozes, estranho caso, Ricardo Reis não se lembra de as ter ouvido falar, ou são mudas, ou têm os beiços colados, presos por agrafes invisíveis, absurda lembrança, se estão comendo. A rapariga magra acabou a sopa, pousa a colher, a sua mão direita vai afagar, como um animalzinho doméstico, a mão esquerda que descansa no colo. Então Ricardo Reis, surpreendido pela sua própria descoberta, repara que desde o princípio aquela mão estivera imóvel, recorda-se de que só a mão direita desdobrara o guardanapo, e agora agarra a esquerda e vai pousá-la sobre a mesa, com muito cuidado, cristal fragilíssimo, e ali a deixa ficar, ao lado do prato, assistindo à refeição, os longos dedos estendidos, pálidos, ausentes. Ricardo Reis sente um arrepio, é ele quem o sente, ninguém por si o está sentindo, por fora e por dentro da pele se arrepia, e olha fascinado a mão paralisada e cega que não sabe aonde há de ir se a não levarem, aqui a apanhar sol, aqui a ouvir a conversa, aqui para que te veja aquele senhor doutor que veio do Brasil, mãozinha duas vezes esquerda, por estar desse lado e ser canhota, inábil, inerte, mão morta mão morta que não irás bater àquela porta. [...] 

José Saramago, O Ano da Morte de Ricardo Reis, 10.ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1993, pp. 26-27

sexta-feira, 2 de junho de 2023

«Aquilo era mais batata...» = «A frase mais portuguesa de sempre» - M. E. C.

  - toda e qualquer a referência ao «Bacalhau Espiritual» remete R. para a C. da C. (78-80), para a Chefe Clot. [...] [«e o resto não se diz»]

RECORTE inicial da Crónica de hoje - «A conversa mais portuguesa»:
Finalmente descobri a frase mais portuguesa de sempre, aquela que define a nossa nacionalidade.
A frase é: "Aquilo era mais batata do que outra coisa." Só um português sabe o que a frase esconde: uma queixa antiquíssima que corresponde a uma insatisfação insatisfazível. É a insuficiência de bacalhau.
A insuficiência de bacalhau: dá para uma tese de doutoramento.
Estamos a pôr o dedo numa das grandes feridas da nossa cultura quotidiana – a pôr o dedo e a escarafunchar, para doer mais ainda. [...]
Miguel Esteves Cardoso, «Público», 02-06-2023

quarta-feira, 3 de maio de 2023

«A Pena, a Espada, a Memória», Paula Morão sobre M. A.

 - no programa «Nada será como dante», de 25-04-2023, do início até cerca do sétimo minuto ..... ; 
- Filipa Leal diz «Letra para um hino», a partir do minuto 17,25...

- [substituir os vários volumes adquiridos ao longo do tempo pelo volume único ora publicado seria não só oneroso como (...)]

- [já agora, o artigo de Afonso de Melo («EX-6.ºDrto»?), a 30 de Março, no «SOL»]

sábado, 18 de março de 2023

A Escola do Paraíso

 - várias têm sido as referências à E. do P., «nestas casas»... - [a primeira obra discutida no Ciclo 02-05...] finalmente, ou de novo, disponível, no caso, como 3.º número da Colecção «Biblioteca P», no «Público», por votos do público - em ed. cuidada e a preço acessível [...]

Parte inicial da Introdução, de Luís Farinha, também ontem publicada no jornal:

    A Escola do Paraíso constituiu parte de uma trilogia literária de evocação histórica e memorialística que Rodrigues Miguéis quis publicar sobre a primeira parte do século XX português. Iniciou-o com a publicação deste seu primeiro romance, sob a condução do alter-ego “Gabriel”, “um menino fraco” e sensível, com uma infância feliz, (no bairro, na família e na escola do Paraíso), e continuou-o, com o recurso ao mesmo “Gabriel”, jovem adulto, em Milagre segundo Salomé (1975), ator e narrador desdobrado das vicissitudes e descalabros da República moribunda que desembocou na Ditadura Militar. O segundo livro desta trilogia, que Miguéis anunciou — diz ele que precipitadamente — com o título de Os Filhos de Lisboa, nunca chegou a ser publicado. Como explicou mais tarde, quando lhe foi necessário enfrentar a crítica, já há muito tinha começado a escrever aquela que considerava a sua obra maior — "O Milagre segundo Salomé” — e tinha mesmo já escrito algumas partes de Os Filhos de Lisboa. Assim sendo, A Escola do Paraíso, sendo o primeiro romance a ser publicado (1960), foi na verdade o último a ser concebido na sua integralidade, estruturado segundo afirma, por volta de 1957/58. Não que não tivesse já muito material escrito para integrar: o “apontamento" do primeiro episódio data de 2 de março de 1934, de Lisboa, portanto”, explica. Assim como episódios antes publicados na Seara Nova e que, em 1960, aparecem recriados ou fundidos no romance. [...]

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Ruben A. : «um estilo nunca em nossa língua usado» (Nemésio)

 - é de Dezembro, este n.º 146 da Colecção «O essencial» da INCM, de F. Pinto do Amaral; existia, no sábado, na BERT-ALV, evitando deslocação à Sede; mas também está disponível, generosa e totalmente, na INCM, isto é, em qualquer COMP....

RECORTE daí, da p. 11:

[...] Fica assim destacada como ponto nevrálgico desta leitura a criatividade verbal de Ruben A., que contamina tudo o que escreve com uma dose de originalidade talvez comparável à de um meteoro que passa e nos traz coisas novas, coisas de fora de aqui, coisas de um lado de lá do mundo, em processos de escrita por vezes próximos do surrealismo. Há em Ruben uma consciência disso, mas ao mesmo tempo um arrastar dessa consciência para terrenos novos e inexplorados, regiões da linguagem humana onde ninguém tinha ido — e essa é uma das principais qualidades de um escritor. Tal como afirmou Nemésio, Ruben era detentor de «um estilo nunca em nossa língua usado», numa inquietação literária mas também existencial que marcaria toda a sua vida. [...]

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

À barca, à barca, houlá! / que temos gentil maré! / - Ora venha o carro a ré!

 - «Volta, Mestre Gil, que estás perdoado»

[nota, em data posterior: durou uns dias a «Espuma» provocada pelas duas propostas de Envelope - pôr-se no Papel (no Lugar?) de Alcoviteira ou de «Menina para os cónegos da Sé» - provavelmente, nem com muita imaginação....]

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

«Camões e a Tença...»

 - desta vez, não se convoca aqui o conhecido poema de Sena..., ; viu-se o «Expresso», Revista «E», de 29 de Janeiro, para ler o artigo de António Valdemar - uma súmula biográfica, informada, com destaque para as questões que permanecem (e permanecerão) «em aberto»; 

Ilustração de Helder Oliveira

- no final, é retomado a «velhíssima questão» do valor da Tença, com os cálculos e depoimentos de 3 estudiosos [...];

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

«Aquele que trouxe o corpo erótico para a poesia»

- Centenário do Nascimento:

- Artigos de Luís Miguel Queiroz, no Ípsilon, com depoimentos e referências várias à Oficina: AQUI e AQUI

RECORTE: [Rosa Maria Martelo]:“Eugénio traz o corpo erótico para a poesia de maneira muito afirmativa, por vezes eufórica até [...]

Retrato - Jorge Ulisses, 1980

- 10 poemas, transcritos no ípsilon, a 20 de janeiro;

- 3 poemas inéditos, na RTP, junto do Acervo do amigo Dario Gonçalves

- idêntico, também na RTP - com curto roteiro pelo Porto

- Exposição «A arte dos versos», com curadoria de Jorge Sobrado e Rita Roque, em «breve» na RTP

- Centenário (a caminho do), na «Antena 2» - 15 «episódios», com  leituras de vários poemas [...]; de 2 a 19  de Janeiro, de Paula Morão a Arnaldo Saraiva; na mesma Lista, a 19, «Império dos Sentidos», com Bertolazzi, Mendes de Sousa, e Helena Rodrigues; 

- Documentário, de Jorge Campos, de 1993: AQUI

- 40 referèncias, «miscelânicas» (inclui a anterior, por exemplo), em «Colcção», na «RTP Arquivo»: AQUI

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Palavras Perdidas (Roteiro afectivo das), Mega Ferreira

 - na segunda, 26, no regresso do Natal com J. + C. B. + M. + J., voltou a ouvir-se a «Prova Oral» de 7 de Dez.., com M. F.

- nos idos de 82-83, na M. B., na M.a, aparecia, com frequência, para «tardios jantares», geralmente com [...]

- com as ARR. do Galh., os seus livros passaram para a «Estante da Avó Form.a»: sobrevivem nove, incluindo o «mais recente»...; nos últimos tempos, alguns dos seus livros sobre Roma, e, ou, Itália, foram «trocados» com Mestre P. OSK [que na Páscoa passada para aí viajou, usando-os como «Guia»...]

RECORTE:

TRAMPOLINEIRO

[...] De qualquer forma, o apodo de trampolineiro tem, na minha memória, uma conotação benigna. Não se chamava trampolineiro a um ladrão, a um vigarista, a um açambarcador. Era um termo mais aplicado a um misto de fala-barato e de farsante, capaz de enganar toda a gente, embora sem intuitos venais: é como um aldrabófilas (popular), que não é o mesmo que um aldrabão. [...]

António Mega Ferreira, Roteiro afectivo de palavras perdidas, 2022, p. 178

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Camões e D. Sebastião - «Duplas à Portuguesa»

 - Máquina do Mundo, de Portugal e de Mitos, «Os Lusíadas» [...]; não é deste Motivo (ou perspectiva) do Duplo que R. mais se tentou «aproximar» [...]; mas não há que rejeitar a perspectiva de «Dupla», no 4.º Episódio desta série [...]

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O Dia dos 100 Anos = O dia do Nascimento

 - dossiê do Ípsilon («escrever o desgoverno do mundo»), «desdobrado»:

- artigo, de Clara Viana,  sobre (a recepção das) obras de S. no Secundário [de «pedra e Cal»]; 

- roteiro, de 10 textos, a reler;

- entrevista, de J. R. Direitinho a Pilar del Río;

- artigo de Adelino Gomes, de 19-06-2010, «republicado»;

- entrevista de V. G. a P. d R.; 

- «O dia do nascimento» em «As pequenas memórias»:

[...] Como se já não fosse suficiente o delicado problema de identidade suscitado pelo apelido, um outro se lhe tinha vindo juntar, o do dia do nascimento. Na verdade, nasci no dia 16 de Novembro de 1922, às duas horas da tarde, e não no dia 18, como afirma a Conservatória do Registo Civil. Foi o caso que meu pai andava nessa altura a trabalhar fora da terra, longe, e, além de não ter estado presente no nascimento do filho, só pôde regressar a casa depois de 16 de Dezembro, o mais provável no dia 17, que foi domingo. [...];  [2006, p. 51]

sábado, 5 de novembro de 2022

Seria ruivo, D. Dinis?

 - a Espada e a Pena são Motivos «comuns» à «Mensagem» e a «Os Lusíadas», a que R. sempre deu destaque, até em «séries» de relações, nos Quadrados...;

 RUI GAUDÊNCIO
- da pena de Dinis - (e, ou, de penas do outros do seu «Círculo», nunca se poderá esclarecer...) - havia algumas dezenas de «Cantigas», dos 3 Géneros (Amigo, Amor, Escárnio, Maldizer, um «Cancioneiro Dionisíaco»...); notável é que também tenha «sobrevivido» tal Relíquia - que, sendo de «Cerimonial», mais relevará ainda a «premeditação simbólica» da sua colocação...

- artigo de hoje, no «Público» [remete também para anteriores] - muitas outras «etapas» se seguirão...

Recorte:

[...] Ultrapassado o espanto inicial de descobrir uma espada oculta nos trajes de D. Dinis, isto quando a equipa já levava quatro anos de trabalho, começou o debate sobre o que fazer com a peça, uma verdadeira jóia a cujo valor artístico acresce o facto de se conservar ainda junto do homem a quem terá pertencido – um rei singular que esteve no poder quase 50 anos, período durante o qual se viu envolvido em várias contendas, lançou as bases que fizeram de Portugal um Estado moderno e ainda teve tempo para escrever poesia.[...]

- reportagem de Armando Seixas Ferreira, transmitida na «Linha da Frente», de 20 de Abril [...]

Fragmento da roupa usada pelo neto do rei, que terá morrido com um ano MARIA ABRANCHES
- artigo do «Público», a 4 de Maio, - «Esqueleto de D. Dinis não tem marcas do lendário ataque de um urso» - com o balanço dos trabalhos e estudos [...]

sábado, 15 de outubro de 2022

Agustina, 100

 - do «dossiê» de hoje, no »Público», «Ípsilon»:

- a 2 de dezembro, revista, com o «Público» +  dossiê, AQUI («Viagem pelo mundo»)

domingo, 2 de outubro de 2022

J + J + J + J

 - JM + JC + JS + JF = quatro Nomes Próprios iniciados por «J»...; «regressado, na Consagração, à Infância», era pelo AUTOB. início desse Discurso de ESTOCOLMO que D. sempre «introduzia» a «leitura substancial» do 3.º Bloco; bem podia enfatizar, que não haveria reacção...; do «lado de lá», ora «fugiam da INF. a sete pés» ora a Velhice lhes era um »planeta desconhecido» (L. D.); 
- D. falava em «duas Vidas», cuja «fronteira» seria os cerca de 60 anos...; M. R. e F. O. de «sete Vidas» (como as dos Gatos...); é domingo quente de Outono e da Bert-Alv veio a Biografia e a B. D. de J. F. («ex-AA», para D., de 9697...), relembre-se sempre [...] 

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Três palavras para «não há palavras» - MEC

 - para «dar a volta» a certas expressões, «idiomáticas», não há como as palavras de M. E. C.; 
[...] Diz-se “não há palavras” em vez de “fantástico” ou “magnífico” ou “espectacular” ou “maravilhoso” ou “sensacional”. [...] . “Indescritível” também é uma boa palavra. [...]
As palavras saem sempre a ganhar. E não há maior êxito para uma palavra do que se pôr nas bocas de todo o mundo. [...]
Nós é que confundimos as boas palavras com as palavras muito batidas. “Delicioso” é o exemplo de uma boa palavra que é muitíssimo batida. É um erro tentar arranjar um sinónimo só para não repeti-la. Quase todas as boas palavras – mar, casa, nuvem – são melhores do que as alternativas.
Nós, os profissionais da palavra, não temos nada que nos abespinharmos quando alguém diz “não há palavras”. Mesmo que signifique “não há palavras que me ocorram imediatamente”, o facto que significam alguma coisa já é suficiente para nos tranquilizar, já é motivo de alegria: não há palavras.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Ler não é «folhear», «é estar absorto»

 - revistas em «consultórios médicos ou cabeleireiros», também D. «folheou» muitas [ainda hoje comprou uma para a General...]; na crónica de hoje, «A desfolhada infinita», MEC parte daí para ironizar a não leitura nos telemóveis» = «folhear imagens avulsas», equivalente, afinal

RECORTES:
[...] A minha mãe, que era microbofóbica, não nos deixava mexer nessas revistas, por causa do princípio eterno do “não se poder saber onde estiveram”, [...]
Quando fiquei adulto, ainda me diverti a folhear essas revistas, [....]
Agora acontece a mesma coisa com os telemóveis. Sempre que me calha ficar atrás de alguém que está a olhar para o telemóvel, lembro-me da atmosfera dessas salas de espera.
Também com os telemóveis é muito raro apanhar alguém a ler. O que fazem é puxar, puxar, puxar, scroll, scroll, scroll, [...] .
Estão a folhear imagens avulsas com o mesmo desinteresse de quem está à espera de ser chamado para a consulta. Não estão a ler. Ler é o contrário disso: é estar absorto, é não querer ser interrompido. [...]

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Ler (45 minutos a)

 - «lançada» por Risol. P. P. (já há vários anos aposentada...), a «paragem para LER» ainda «durou, resistiu»... alguns anos...; o Registo ADV de Mestre D. R. (um «histórico», mas que ainda por lá vai continuar...) será de uma última Época da Escola Velha (de 2009?) [...]; resgatado ou «reencontrado» dos fundos do YouTU, vale também por isso, «rever» alguns dos que [...] («e o resto não se diz...»)

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Mulheres Saramaguianas

 - Gravuras para Personagens Femininas de Ficções de Saramago - Depoimentos dos criadores em «Casa» do C. P. de Serigrafia [...]; [Centenário]

- poema de Ana Luísa Amaral para a Gravura de Graça Morais para Joana Cardo (de «Jangada de Pedra») + texto de Carlos Reis, na Fundação

quinta-feira, 30 de junho de 2022

«GL + OVO»: trocadilhos, M. E. C. - OU «fórmulas de tratamento» OU «intimidades internéticas»...

- de regresso a um tom [...], inscrito desde o título da Crónica de Hoje - «O Glovo que te pariu» - em si, já um Trocadilho - M. E. C., num dos «melhores escritos» das últimas semanas...

RECORTES:

[...] Hoje de manhã apanhei esta pérola que a Glovo me mandou: “Podes começar a dizer adeus aos 4 euros...”
     Não me importo que me tratem por tu. Não me importo que me tratem por Miguel. Mas têm de ser pessoas a abusar da minha confiança. Podem não conhecer-me de parte nenhuma. Podem até não me ver. Podem estar ao telefone ou a escrever-me um mail. Mas têm de ser seres humanos. Isto é, eu tenho de ter a possibilidade de responder torto e ser ouvido. [...]
    Ia dizer que me recuso a ser tratado por tu por um autómato, para mais com o à-vontade de um amigo chato que, por muito que fujamos dele ao longo das décadas, não é fisicamente capaz de nos largar a braguilha ("podes começar já a dizer adeus ao descontinho de 4 euros...”), mas entretanto lembrei-me que nem sequer isso posso fazer: tenho de gramar. [...]

[...] Resta-me dizer que nunca usei a Glovo para nada. O que é que vendem? Luvas? Ovos? Amor? Luvas para tirar, com muito amor, ovos quentes do forno?

segunda-feira, 20 de junho de 2022

«Ora essa», OU «é o povo que manda na Língua», por M.E.C. + «por quem sois» + «sempre às ordens!»

 - pequeno Roteiro pelas «respostas» a «Obrigado», na Crónica de hoje de M. E. C.; «O que não lembra ao Diabo» 

RECORTE:
[...] Daí que tenha surgido uma alternativa airosa ao “de nada” e ao “não tem de quê": é o “ora essa!”.
O “ora essa” nem tem de ser pronunciado com o costumeiro ponto de exclamação. Há o “ora essa” com reticências, comido e descrente. E até há o “ora essa?” com ponto de interrogação, tipo “mas este gajo está a agradecer-me porquê?”. [...]    [sublinhados acrescentados]

- continuação, a 22, quarta, «Agradecimentos para quê?»
RECORTE:
[...] Será impressão minha ou estaremos a atravessar uma fase manuelina nas nossas saudações? Se calhar é uma reacção poética à informalidade das redes sociais. Para além do “por quem sois”, tenho reparado no renascimento do “sempre às ordens!”. É dito com ironia, obviamente, mas fica sempre alguma antiguidade. [...]

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Almada, por Vendrell

 - Imagem, de Vendrell, na tela do «Google»:

volte a localizar-se:
- DOC., de 1999, «Almada e Tudo», da RTP, de Manuel Varella, na «RTP - Arquivo»;

- DOC., de 1977, «Almada, um dos inventores...», idem, de José Elyseu, na «RTP-Arquivos»

- DOC., de 1985, «Português e Mito», idem, de José Elyseu, na «RTP - Arquivo»;

- Programa apresentado por Manuel João Vieira («resumo biográfico»), de 2013, na «RTP - Arquivo»

- «A arte e a Geometria de Almada» - conf., em Dezembro de 2018: AQUI

- «Visita Guiada às Gares Marítimas de Alcântara e Rocha de Conde de Óbidos»; já referenciada noutra destas SALAS...; programa n.º 23, da 7.ª TEMP., de 17 de Nov. de 2017;


sábado, 28 de maio de 2022

Pessoa, por Zenith + por Moitinho de Almeida

  - entrevista a Zenith, pela Biografia, em «A Brasileira do Chiado» para o lisboeta jornal Virtual «Mensagem» (que aí «tem Sede»...), a 10 de Maio : “Lisboa era a família de Fernando Pessoa”. Richard Zenith desvenda a relação do poeta com a cidade»

Excerto:
Ao chegar de Durban, Pessoa encontrou uma Lisboa bastante diferente. Houve um boom imobiliário, Lisboa expandiu-se para as Avenidas Novas, surgiram os elétricos a motor quando Fernando dantes só conhecia os americanos puxados por cavalos.

«Grande Entrevista», com Victor Gonçalves, a 25, RTP - 3; [D., que já leu a anterior, a de Brèsson, de 2006, vai esperar... sobretudo que o Preço...; como se diz, «não é cara, os ViC.os é que ganham cada vez menos...»] 

- «Pessoa, por Moitinho de Almeida», foi publicado num número da revista «Tabacaria»; ora recolocado, na casa de Anabela Mota Ribeiro

- «Pessoa humorista», por Ricardo A. Pereira»

domingo, 8 de maio de 2022

Ler ou não Ler

 - o («muito batido ou repetido, estudado...») Índice de Leitura (de Literatura...) e «Práticas», e Estatísticas..., programa, n.º 13,  da série «É OU NÃO É», de 03 de Maio, com, entre outros, J. B., «Ex-AA»; 
- [visto no dia pela General] a rever, na «RTP-PLAY»;

terça-feira, 29 de março de 2022

«Que tal um ataque à Leitura?» (a «sagrada)», por M. E. C.

Irónica crónica, como quase sempre, esta, de M. E. C., «já com alguns dias» de publicada... [no Dia Mundial»...]

RECORTE

[...] Há décadas que não ouço nem leio um ataque à leitura: é muito mau sinal. É tão fácil maldizer a leitura, até pelas mesmas razões viradas do avesso: porque rouba tempo, por exemplo.

A leitura santificou-se porque as pessoas deixaram de ler. Ler é visto com um exercício ascético que certos santos extraordinariamente inteligentes empreendem para alcançar estados místicos que não estão ao alcance de qualquer um. [...]

segunda-feira, 21 de março de 2022

Gastão Cruz («aprender com»)

 - [Na Visita de G. C. à «Escola do Paraíso», talvez por volta de 2000, para 6 poemas de 6 autores [...] não (se) queria mais de 50 «Leitores» na «Sala 100»...; mas, depois, «correu tudo bem» «e o resto não se diz»]

RECORTE do artigo, no «Público de hoje», de Carlos Mendes de Sousa:

[..] Aprendi muito com o Gastão. Em concreto sobre o peso e sentido da aspereza no poema. Um pouco no sentido cabralino. Aprendi isso: como o poema vive num difícil equilíbrio entre a melodia e a lâmina exposta, uma espécie de fulgor inciso de metros e sílabas. Aprendi sobre o que se entreabre e distende no aparente desabrigo dos intervalos. E isso está na sua obra poética: tudo é corpo e palavra. Muitas vezes ele gostava de ler os seus poemas e de dar a chave dos seus versos quando o poema parecia mais abstracto. Falava dos lugares. Falava do tempo. Pouco a pouco as difusas sombras dos versos iam clareando... [...]

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

«Texta-me» OU «Tecla-me»? - MEC

 RECORTES da Crónica de hoje:

Precisamos de um verbo que substitua a fantochada de falar em SMS. Que tal escrever? Já ninguém pensa em cartas. Diz-se “escreve-me” e está tudo dito.[...]

Por outro lado, o telegrafar está livre. “Telegrafa-me” soa bem. Telegramas também já não há. Poderia substituir alegremente o SMS: “Quando chegar, mando-te um telegrama.” [...]
E mensagear? Ou soa muito mal “mensageia-me?” Recadar ou recadear é mais feio, mas recado é mais elegante e menos episcopal do que mensagem.
Em vez de “textar”, porque não “teclar"? “Tecla-me” é horrível, mas é curto e rigoroso: “Dá-me uma tecladela quando chegares.” “Digitar” é mais ambíguo e mais pretensioso. [...]


sábado, 29 de janeiro de 2022

«Lusíadas» - 450 anos depois...

 

Do «JL»-«Visão»

... primeiras traduções (de «Os Lusíadas» e de «Mensagem») em turco e em [...] - artigo do Ípsilon», «Público», de hoje, de Luís MIguel Queirós

  RECORTES: [...] As primeiras reacções   têm  sido muito positivas”, e o livro já foi   considerando pela crítica “um dos       lançamentos editoriais do ano” na Turquia. “ [...]
Só o amargura um tanto a falta de apoio de Portugal. “Na Turquia, tentei contactar várias vezes a embaixada portuguesa, mas não foi fácil e acabei por desistir”, lamenta-se. Hoje com 34 anos, Aybek veio pela primeira vez a Portugal em 2008, num programa de intercâmbio académico, regressou em 2010, casou-se com uma portuguesa e viveu por cá até 2014. De novo na Turquia, publicou em 2016 uma gramática de português para turcos que queiram aprender a língua. [...]

André Carrilho

Tradutor árabe d'Os Lusíadas descobriu Portugal graças ao Nobel de Saramago

Brunch com Abdeljelil Larbi, tunisino, professor de árabe e de Literatura Árabe na Universidade Nova de Lisboa. no «DN«, a 27 - 02


- primeira tradução  em Língua Indonésia, artigo, de 12 - 03 - data da 1.ª publicação - , no «Ípsilon» - 

CONGRESSO, em Ternate: AQUI

RECORTE

[...] E quando lhe perguntámos se a língua indonésia apresentava particularidades que dificultassem especialmente a tradução a partir do português, só conseguiu responder depois de se rir um bocado, provavelmente recordando o que foi transpor o português do século XVI para uma língua de unificação nacional inventada há menos de um século a partir de vários idiomas locais, e que inclui até centenas de palavras de origem portuguesa, mas na qual não existe, por exemplo, conjugação verbal.  [...]


domingo, 12 de dezembro de 2021

Sujeito ( o gramatical, desta vez)

- há uns anos, o «jornal da Caserna» referia que, face à «elevada percentagem» que, na única «prova pública», não identificava uma função de Sujeito, se  «acrescentou» 45 minutos, semanais, ao «ano Terminal», para... «recuperar»... «o irrecuperável...»;

- e o «resultado», tantos anos depois, pode ser exemplificado por uma resposta, escrita, (para a referenciação de um «sujeito nulo subentendido»):

«o tipo de sujeito é o sujeito do complemento indirecto»

domingo, 5 de dezembro de 2021

«Jajar», M. E. C., OU «dignidade ÀS AVESSAS»

 - lida logo pelas 7 e..., no TLL da General, na Cas.a: assim se cria um novo verbo - «já... já....já.....» = «Jajar»...

Recortes:
Estudar o ser humano é estudar a dignidade. Como se alcança? Como se mantém? Como se defende? [...]
Numa pastelaria aonde gosto de ir almoçar só trabalham duas pessoas: o proprietário, o sr. César, que é cozinheiro e empregado de mesa, e o Nelso, que é ajudante de cozinheiro e empregado de mesa sobressalente.
O Nelso não tem grande jeito, é carrancudo, preguiçoso e desastrado – mas o sr. César gosta dele e tem pena dele: uma combinação mortífera. [...]

O sr. César está sempre a ralhar com ele – “vai fritar as batatas!”, “olha as torradas!” – porque ele é acintosamente demorado, tendo percebido que lhe pagam o mesmo, independentemente do número de tarefas que concluir.
Mas o Nelso responde sempre: “Já vou!”, “ sei!”, “ouvi!”. É a dignidade do pau-mandado em acção. Não tem remédio senão fazer o que o outro lhe diz, mas ninguém lhe pode tirar a má vontade.
A má vontade garante a dignidade dos subalternos. Ela é constituída por uma mistura complexa de relutância, truculência e rebeldia. [...]

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Hipálage: vários exemplos

 - o verbete do «CBDV» aqui referenciado, n.º 34579 , remete para o uso da Hipálage nos versos iniciais da «Ode Triunfal»; 
- na lista «lateral»,  dos «relacionados», vários outros casos, exemplos

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Saramago - de 99 para 100 e «depois»

 - «fase aguda», ou «rubra» da Luta para levar alguns dos Qd.s a ler «O ano da morte...» [de I a IV, para já] - leitura solicitada logo que foi retomado um curso próximo do «Normal» na «Escola do Paraíso», isto é, a partir de 13 de Outubro... 

- do artigo do «P» de 16 -11
   - alguns caíram na «armadilha» do     costume (pensavam que podia ser lido     «de véspera»); outros, que seria de   «excertos localizados nas páginas»...;   outros, que seria de «cruzes» (vulgo   para  «escolha múltipla»); outros, já   gastaram dinheiro em «Apontamentos   ES» ou «equivalente»; outros, «caíram   na Real», quando «se dignaram ver» o   Modelo... - «há de tudo como na   Farmácia», na Voz Popular - menos de   «Gente com Iniciativa» para se   aproximar  do «Monstrinho», o tal que «despreza» coisas como as abrangidas por Nomes como «ClassRoom»...;

- começo, então, dos «100 anos», em LISTA:

- artigo do «Público», de hoje, 16, com «2 jovens estudiosos» [...]

- artigo, idem - «a complexidade e a Leitura, na Escola»

- idem, com Vídeo, «Autopsicografia» - «Cem escolas lêem «A maior flor do mundo»

- «Todas as Palavras Especial», 6.ª Temporada, n.º 47, de 19 - 11, com Pilar del Rio e Irene Vallejo  [...]

- «100 Saramagos» - Quando tinha doze anos, Saramago mostrou-me a cegueira branca e eu assustei-me.» - depoimento-crónica de Afonso Reis Cabral, a 1 de Dezembro no «JN»

- «Quem lê hoje Saramago» - «Podcast», a 7 de Março, no Ípsilon»

- «Conferências do Nobel», a 11 de Abril, com Manguel (Albert) - na Câmara Municipal

- na brasileira «Companhia das Letras» - ao longo de Março (?) - localizado em Maio, Lista com 5 aulas sobre Saramago [...];

- no Teatro Camões, em Junho, «Deste mundo e do Outro», por Olga Roriz;

- na  «RTP Play» - «A caminho do Centenário» - semanal, leitura de Excertos - no Episódio 38, de 21 de Setembro, Isabel Lucas interpreta excerto de «O ano da morte de Ricardo Reis», no primeiro, de 16-11-21, Teresa Salgueiro lê exc.o de «As Pequenas Memórias»

- em 98, na Pedra de Pontão, em praia da Lourinhã, por VHILS

- no  «Expresso» - «podcast» - «A beleza das pequenas coisas», a 3 de Março de 23 - PILAR e A ILHA (a intuição da)

- «Jornada Saramago 100 anos» - Companhia das Letras