sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Estilo - Lista, 2018

- da última crónica - de uma série semanal de cinco anos - , de Bagão Félix no Público :
IPSIS VERBIS

Seleccionei alguns erros ou modismos com presença muito assídua em 2018:

PLEONASMO: Há anos atrás (ou será à frente?) e alojamento local (ou será sem local?)
OXÍMORO: Grande beijinho (mas não pequena beijoca)
SOLECISMO: Vão haver muitas novidades...
PRONÚNCIA: rubrica dita erradamente como se fosse “rúbrica” e acordos como se fossem “acórdos”
CONJUGAÇÃO: interviu sem ter intervido
POUPANÇA SILÁBICA: competi(ti)vidade, precari(e)dade e empreen(de)dorismo (muito habituais em São Bento)
MODISMO: No fim do dia, uma tradução literal e afectada de “at the end of the day
MODISMOS FUTEBOLÍSTICOS: troca por troca (ainda que à condição)
MODISMOS VERBAIS: Empoderar, elencar e impactar
CONFUSÃO: o homem foi evacuado (coitado! Espero que não tenha sido troca por troca...)
PARADOXO: Correr atrás do prejuízo (ou será à frente?)
EUFEMISMO: politicamente correcto (eufemismo sobre o próprio eufemismo)
À ESPERA DE NEOLOGISMOS: Amarar no rio ou aterrar em Marte
CACOFONIA: um ovários
CONFUSÃO ACORDISTA: ótico (dos olhos) e ótico (dos ouvidos)

domingo, 16 de dezembro de 2018

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

«opar e epar», por M. E. C.

- há dias que W. andava para ref. esta Crónica, de 01 de Dezembro ; até já a afixou no Jornal de Parede do Qd.º 401...;
- Recorte:
«[...] Ensinei os oh, pás e eh, pás ao inglês, dizendo-lhe para opar e epar antes de fazer uma afirmação, mas logo percebi que tinha feito asneira, porque ele desatou a epar e a opar por tudo e por nada.
     “Oh, pá, este robalo está bom. Eh, pá, passas-me o galheteiro? Oh, pá, traz-me outra imperial, se fizer favor?” Nunca mais se calava.[...]



domingo, 18 de novembro de 2018

O Pronome que busca o Nome (sobre M. António Pina)

- é pelo Público de hoje, pelo artigo de Lúis M. Queirós, que se chega a vários «LOCAIS»:
- Jornadas, Colóquio e outras coisas, no Porto - «Desimaginar o mundo» - AQUI
- «Fotografias para [poemas de] Manuel António Pina» - no «Faces»

- Excertos, recortes do artigo:

         A ensaísta [Rosa Maria Martelo] anda há muito às voltas com a “estranheza” desta poesia, a que todos aludem e, [...] pensa hoje que “o que Pina fez foi pegar num tópico da modernidade, a ideia de um sujeito que é um efeito do texto, e colocar esse sujeito a falar na condição de criador, o que provoca no leitor uma estranheza absoluta”. Mas aceitando-se esta perspectiva, argumenta, “tudo o que esse sujeito diz é lógico e consequente”, e é só quando o confundimos com uma posição autoral, ou até biográfica, que se cria uma espécie de nonsense.
        Assim, sugere Rosa Maria Martelo, “o ‘eu’ que fala na obra de Pina é propriamente o pronome ‘eu’, um pronome à procura de um nome próprio, de alguém que lhe diga respeito, e só depois de se perceber que na sua poesia é o outro que fala sozinho, e é o outro que anda à procura dele, é que tudo começa a bater certo”.
       Voltando ao já referido poema em que Pina diz “chamo-lhe Literatura porque não sei o nome de isto”, Rosa Maria Martelo acha que esse “eu” da poesia de Pina é permutável com o “isto”. Ou seja, “esse ‘isto’ que está cheio de gente a falar tanto pode ser a literatura como esse sujeito da escrita também ele cheio de vozes, apanhado naquela torrente de citações e de coisas lidas”, defende. “É isto que dá a Pina uma posição originalíssima, e creio que mesmo única, na poesia portuguesa”.  E se pensa que Pina transformou a herança modernista em algo muito próprio, também não menoriza a presença de Pessoa, lembrando que versos de Pina como “É duro sonhar e ser o sonho,/ falar e ser as palavras!” correspondem a “uma formulação muito pessoana”. E podia acrescentar-se, entre muitos outros, um notável poema do último livro (Como se Desenha Uma Casa, 2011), onde Pina escreve: “Há em todas as coisas uma mais-que-coisa/ fitando-nos como se dissesse: ‘Sou eu’,/ algo que já lá não está ou se perdeu/ antes da coisa, e essa perda é que é a coisa”. Versos que trazem à memória da ensaísta estes outros de um célebre poema de Pessoa, significativamente intitulado Isto: “Tudo o que sonho ou passo,/ O que me falha ou finda,/ É como que um terraço/ Sobre outra coisa ainda./ Essa coisa é que é linda.” [...]

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

sábado, 29 de setembro de 2018

Saramago - Roteiro de Leitura

- Pedro Vieira apresenta o seu «Diário de Leituras Saramaguianas» - de «Jangada...», a «História do Cerco...»,  «Manual de Pintura...», «Levantado do Chão», «Evangelho...» - no OBS, de 22-09-2018 - AQUI     [passou a ser «só para Assinantes»]

REcorte:

[...]Olhando para trás, percebo que a relação com os livros de Saramago se foi tornando um caso sério. Caso contrário, dificilmente me lembraria da ordem pela qual os li, das impressões fortes que me deixaram. Do Manual passaria ao Levantado do Chão, um dos meus preferidos e inquietantemente actual – onde havia praças de jorna há Uber Eats e derivados – e desse ao Evangelho Segundo Jesus Cristo. É esse o romance que mais me liga a Saramago e ao ano alegre e triste de 1998.
Li-o meses depois de o meu pai nos ter deixado, em parte por ter ido em busca de uma pacificação. A relação com a educação católica que recebi desde cedo foi-se deslassando com o tempo e num momento de luto, de revolta, apartámo-nos de vez. Minto. Aproximámo-nos de vez. A fé extinguiu-se, o interesse pelas narrativas do sagrado não. [...]

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

«desmoer» - MEC


[...]Desmoer é contrariar o que nos mói o juízo, o moral, o caparro. Moer é estafar, reduzir-nos a fanicos no eterno moinho de água que é existir. Somos como sardinhas moídas por todas as outras sardinhas em cima de nós.
A vida está sempre a moer-nos, a gastar-nos, a lixar-nos com lixa. Desmoer é tentar fugir a essa condição. Atravessa-se um campo para desmoer. Descalça-se um pé. Assobia-se.
[...]

domingo, 9 de setembro de 2018

O Ovo... - Provérbios (o «insustentável poder lúdico» dos)

Bartoon, Luís Afonso, Público, 09-09-2018
(quem diz que não há Humor nem IMAG. lá por aquelas Bandas:..)

- P. N. S.:
- «não há três sem quatro» (P. N. S.);
Jerónimo***:
- «(é preciso não) contar (apressadamente) com o Ovo no dito cujo da Galinha»


***Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP, é um caso excepcional no uso lúdico que faz da língua portuguesa. Segue-se, embora a grande distância, o Presidente da República (no tempo em que era comentador saía-lhe recorrentemente a expressão "não lembra ao careca". [...]                    Ana Sá Lopes, p. 36 do mesmo suporte

há naturalmente que (re)convocar um grande texto sobre o motivo:


[...] Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos.
Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, pare­cia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. [...]
Clarice Lispector,  Laços de Família [1.ª ed:1960]


Público, 13 - 09 - 2018


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

«Sabes muito...» - MEC


- Parágrafos iniciais:
Na expressão "sabes muito..." são as reticências que mais falam. Porque em português não há elogios de borla. É verdade que quando me dizes "sabes muito..." estás a confessar que ficaste surpreendido com o muito que eu sabia e que isso produziu em ti um novo respeito pelos meus conhecimentos.
Mas também estás a dizer que tu ainda sabes mais do que eu e que é por isso que a minha tentativa de te ludibriar falhará sempre. "Sabes muito...mas a mim não me enganas!"
[...]

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

«levantar-se da mesa a cair»

«Fernando Pessoa apareceu duas noites depois, regressava Ricardo Reis do seu jantar, sopa, um prato de peixe, pão, fruta, café, sobre a mesa dois copos, o último sabor que leva na boca, como ficámos cientes, é o do vinho, mas deste freguês não há um só criado que possa afirmar, Bebia de mais, levantava-se da mesa a cair, repare-se na curiosa expressão, levantar-se da mesa a cair, por isso é fascinante a linguagem, parece uma insuperável contradição, ninguém, ao mesmo tempo, se levanta e cai, e contudo temo-lo visto abundantes vezes, ou experimentado com o nosso próprio corpo, mas de Ricardo Reis não há testemunhas na história da embriaguez. Sempre tem estado lúcido quando lhe aparece Fernando Pessoa, […]

José Saramago, O ano da morte…, Porto Editora, 23.ª ed., p. 321

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Trocadilho (teoria do)

- recortes da tripla entrevista com os editores da obra de Sesinando (A. B. B., R. A. P. e L. C. G.), no Ipsilon de 17-08:

AQUI

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

«(quando, afinal) a alma é pequena» OU de Camões a Pessoa há que «PARAR» em Cesário

- [«Educação Literária», eis uma exp. com que M. faz o Possível por Embirrar o mais possível, pois prefere S. L....; adiante...]

- Recorte de Artigo de hoje, no Público, de H. C. Buescu:
 [...] No 11.º ano, permitam-me dizer que há, não um, mas dois escândalos: o desaparecimento da orientação explícita de que Os Maias são uma das obras preferenciais de Eça de Queirós a ler (...); e aqueloutra que, de Cesário Verde, se limita a dizer que é obrigatória a leitura de três poemas, sem mencionar o extraordinário O Sentimento dum Ocidental, poema sem o qual Fernando Pessoa não existiria, como muita da poesia do século XX nunca teria podido existir. Não perceber isto representa uma terrível ignorância. Como se pode operacionalizar a reflexão sobre o lugar da épica na poesia portuguesa (proposta no Programa) eliminando o maior elo entre Camões e Fernando Pessoa, que é Cesário Verde? [...]

Nota de M.:
- ao longo de mais de duas décadas, nunca M. percebeu, na E. do Paraíso, como aparecem sem ter lido Cesário com «olhos de Ler», e não com trab.os de «chacha» (e até nem não são as 700 páginas de «Os Maias»...)

domingo, 29 de julho de 2018

Estilo (figuras de)

- anexa à crónica de B. Félix de 27, no Público, a habitual secção «Ipsis Verbis»:

PLEONASMO: a equipa vencedora teve mais posse de bola
OXÍMORO: uma fugaz eternidade
HIPÉRBOLEum golo do outro mundo (qual mundo?)
ANTONOMÁSIAA catedral da Luz (em vez de Estádio do SLB)
SINESTESIANuma serenata à chuva, o olhar silencioso dos croatas e o som dourado dos “bleus”, entre quentes cumprimentos numa melodia de cores russas.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

«Os Maias» - «vai chatear o Camões» OU «pequenino escândalo», ao 4.º Dia

- crónica mordaz de R. de C., no Expresso 

- o «4.º dia» em outra (também Mordaz) crónica, desta vez de Alberto Gonçalves

4º dia (da «Selva»)
Rebentou um pequeno escândalo porque “Os Maias” deixaram de ser leitura obrigatória no liceu. Meia dúzia de pontos. Primeiro, parece que a obra é facultativa desde 2002, prova de que a indignação, embora implacável, foi decidida com vagar. Segundo, é absurdo interromper a atenção das crianças em volta das novas tecnologias (publicar fotos no Instagram e assim) para maçá-las com formas de comunicação anacrónicas. Terceiro, ao que se vê por aí, a antiga obrigatoriedade de Eça não convenceu várias gerações de portugueses a escrever bom português, ou sequer a escrever português de todo. Quarto, se a criança for normalzinha, a conotação de um livro com a escola é suficiente para dedicar-lhe o tipo de afeição que se dedica à sarna, pelo que o currículo oficial deveria limitar-se a produtos oficiais, género Mia Couto e os novíssimos romancistas caseiros. Quinto, “Os Maias” são demasiado explícitos na chacota do pardieiro em que vivemos, o que naturalmente aborrece os donos do pardieiro e os leva a preferir autores “humanistas” como Manuel Alegre, as senhoras da colecção “Uma Aventura” e aquele mãe com minúscula. Sexto, a demonstração de que o liberalismo nacional vai longe está no facto de mesmo os liberais acharem que compete ao Estado escolher as leituras, os interesses e provavelmente os sapatos dos filhos. Sétimo, os indignados que vão chatear o Camões, fingindo que o lêem.
[sublinhados acrescentados]

[...] o argumento de que os jovens podem conhecer Eça de Queirós lendo outros romances (esses já são legíveis?) é bem engendrado, mas não convence. Os Maias são o mais extraordinário romance da literatura portuguesa e neles está quase tudo o que Eça de Queirós nos legou: um admirável retrato literário da sociedade portuguesa do século XIX, personagens (incluindo tipos sociais) que nenhuma outra obra da nossa literatura foi capaz de conceber, uma densa reflexão, em clave ficcional, acerca da história, dos seus acidentes e do modo como os homens os vivem, uma tematização do tempo e da morte, da decadência e da memória como valores e sentidos que são parte de nós, em qualquer idade ou época. [...] 

[...] Nele se cruza uma impiedosa pintura da sociedade portuguesa e dos seus tipos humanos e sociais com a história trágica de um amor incestuoso, símbolo do círculo fechado em que Carlos, Maria Eduarda e a família Maia estão encerrados, presos nas teias do destino. E a simbologia desse círculo fechado alarga-se ao país, encerrando as próprias elites protagonistas do romance num tempo parado, imobilista, gerador de uma experiência diletante de desencanto e desistência. Eça denuncia a impotência das elites sociais dominantes e vinga-se delas através da própria escrita irónica do romance e também da confusão auto-irónica de si mesmo com a personagem de Ega, o qual, dono da ironia, mostra o mundo na sua duplicidade trágica e cómica.
Só a arte, e dentro dela a grande literatura, capta a duplicidade complexa da realidade humana e social, permite um conhecimento alternativo do mundo, por isso não é dispensável e por isso é intensamente formativa.[...]

- a 14 de Agosto, A. Carlos Cortez, no Público; Recorte:
[...]Não dar aos alunos a hipótese de ler a obra-prima de Eça de Queirós é impedir o acesso dos jovens a um monumento literário em que a língua portuguesa atinge um alto grau de expressão estética.[...]

domingo, 8 de julho de 2018

«Gerúndio de pacotilha» - M. E. C.

Ser e Estar e «estar a acrescentar», crónica de sexta, 6, de M. E.C. 

REcortes:
Para falar português como os indígenas [...] Uma das particularidades mais engraçadas é o prolongamento dos verbos através do acrescento de "estar a". Está dentro da regra geral de usar um máximo de vocábulos para ocupar um máximo de tempo porque obviamente no jogo da conversa ganha sempre quem fala mais. [...]
estar a vem da portuguesíssima distinção entre estar e ser que nos deixa dizer: "É pá, tu que és tão jeitoso estás cá um nabo!" ou "ainda não percebi se o Emílio é ou está estúpido".
Quando perguntamos a alguém o que ela faz nunca vamos directamente ao assunto. Ninguém pergunta "Que fazes?" [...] Perguntamos "O que estás a fazer?" por influência do inglês "What are you doing, you stupid idiot?" E daí respondermos "Estou a bordar esta bandeira". Trata-se daquilo que os linguistas conhecem por um gerúndio de pacotilha. Um gerúndio correcto seria, claro, "Estou bordando esta bandeira".
A partir daí arrastamos tudo para o gerúndio como se estivéssemos permanentemente presos a cada acção. Para quê estar a dizer mais sobre este assunto?

quarta-feira, 13 de junho de 2018

S. António por Pessoa

SANTO ANTÓNIO
Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.
(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)
Adiante ... Ia eu dizendo, Santo António,
[...]    

Artigo de José Barreto, sobre os poemas dedicados aos santos populares
 que Pessoa escreveu a 9 de junho de 1935, quatro dias antes de 
completar 47 anos, [...]    , referenciado hoje no OBS

domingo, 10 de junho de 2018

«Quem és tu?»

- repete, neste momento, no Canal «Memória» este Documentário de 98...
- disponível no Arquivo da RTP

domingo, 3 de junho de 2018

Maria Judite e Clarice

- são os nomes que a neta, Inês, que diz ter conhecido a avó até aos 18 anos, atribuiu às bisnetas...

- [...] Inês Fraga gostaria que a avó pudesse ressurgir, nem que fosse apenas com um pouco da luz que agora incide sobre Clarice [Lispector]. “Ela estava dispersa, inacessível a muitos leitores, e agora vai ter uma casa única e todos os livros disponíveis”, salienta Sara Lutas, que sublinha a intemporalidade da obra de Maria Judite de Carvalho. [...]        [DAQUI)

- Em «Horas Extraordinárias», também

quarta-feira, 16 de maio de 2018

“Perdeu, literalmente, a cabeça”





- muito usada expressão, com a qual diz Embirrar o autor do «Desdicionário» ou «Criativa lista de palavras» sem «passado etimológico», como refere o artigo do «P3» 


- a ver?

"Jardinheiro": aquele que está sempre a deixar cair moedas ao chão; ilustração de José Cardoso

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Figuras de estilo em Crónica «Religio-Botânica...»

- para:
- que não se diga: «à Literatura o que é da Literatura, à Botânica o que é da Botânica»...
       («Caiu a pinha, voaram os pinhões, secou o eucalipto» - que enumeraçao...)
- que já não há Humor na Terra da «apatia-indiferente»...

IPSIS VERBIS

CITAÇÃO: “Se o desonesto conhecesse as vantagens de ser honesto, seria honesto ao menos por desonestidade” (Sócrates, 469 a.C. - 399 a.C.)
OXÍMORO (I): Pequeno nada
OXÍMORO (II): Uma obscura claridade
PLEONASMO: Protagonista principal
ANÁFORA: Ninguém sabia, ninguém desconfiava, ninguém enxergava. Ninguém, ninguém mesmo...
CATACRESE: O pé da marquesa quebrou-se

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Mar de Vigo, Codax por Buarque

«Canção V», de Martim Codax, por Chico Buarque de Holanda, para o grupo «Sem Mim»:      AQUI

sábado, 28 de abril de 2018

Santa Rita - Centenário


Em 1917, aconteceu tudo. Almada Negreiros publicou “K4 ...” e “A Engomadeira”. Santa Rita Pintor montou com ele uma “Conferência Futurista”. [...] Lançou-se a revista “Portugal Futurista”. Sidónio Pais fez um golpe de Estado. Estrearam-se os Ballets Russes em Lisboa. Em 1918, não aconteceu nada. Primeiro morreu Santa Rita, e depois Amadeo. Almada começou a fazer a mala para rumar a Paris. Os últimos anos têm sido pródigos em centenários [...] Para 2018 está reservada a evocação de Santa Rita e Amadeo. Mas se sobre o segundo o universo cultural tem produzido iniciativas enriquecedoras à margem de efemérides, e produzirá mais [...] isso só agora começa a alterar-se sobre o esquivo Santa Rita Pintor, cujos oportunos cem anos da morte se assinalam a 29 de abril.                        
 [“LUZ E SOMBRA” Retrato de Vitoriano Braga, fotógrafo de Almada Negreiros e Fernando Pessoa, cedido por Luísa Braga/DGPC]

sábado, 21 de abril de 2018

«A pena e a espada», Camões por Helder Macedo

- Recorte de uma  das respostas  à entrevista publicada no OBS:

[...]
Para lhe dar um exemplo, no Dicionário de Camões, publicado em 2011, no verbete mais extenso, que naturalmente é sobre Os Lusíadas (depois de fazer um emparelhamento estilo galheteiro ou Benfica-Sporting , entre Camões e Fernando Pessoa), a autora afirma lá para o fim, quase em conclusão: “Num poema que não designa nenhum herói, Camões apresenta-se com a imagem que o concretiza”. Isto começa por ser uma afirmação bizarra, considerando que o poema designa dúzias de heróis. Mas quanto à imagem heroica de si próprio projetada por Camões no poema, sim, claro, estou inteiramente de acordo, e ainda bem que a minha prestigiosa colega também tenha conseguido chegar ao que eu tinha escrito em 1980, para um congresso camoniano em Paris, num texto depois publicado nos Arquivos do Centro Cultural Português (vol. XVI, 1981) com o título “O Braço e a Mente: o Poeta como Herói n’Os Lusíadas”. Não tem importância, é só que lhe teria poupado trinta anos de meditação. [...]

quarta-feira, 11 de abril de 2018

«Pinto quadros por lettras, por signaes, ...»

- já que o 3.º Bloco foi para Tomar..., fica-se com Cesário, por João Vieira (2005) - que M. trouxe para logo o mostrar a M. de J. - um dos SEN. do C. P.
[fotografado da p. 93]

- [assim, só a Tarde será Tormentosa...]

segunda-feira, 5 de março de 2018

domingo, 4 de março de 2018

Mário de Sá-Carneiro

- «A estranha morte do Professor Antena» é um conto que D. se lembra de ter estudado nos anos felizes de 02 a 04...
- «O estranho caso ...» é o título do Documentário (RTP 2, Abril de 2016, pelos 100 anos...), de Paulo Seabra e de José Mendes, que a RTP disponibiliza no Arquivo

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

«O'Neill por O'Neill»

- D., na fase da «Mercearia» (do final de 81 a Julho de 83) testemunhou a «verve» de  O'Neill aplicada ao quot.o         (« e o resto não se diz...»)
- passaram mais de 30 anos...; não é que tenha deixado de o reler, mas, agora, graças ao (sempre vilipendiado) PROG...., tem que alargar essas leituras (...)
- no Posfácio à nova edição da [...], Maria Antónia Oliveira comenta esse texto lido pelo próprio,«escondido» num disco, de 72, que acompanhava..:

[...]Esse é provavelmente o seu texto mais despojadamente autobiográfico. Curioso é que um testemunho tão importante, em que o poeta se descreve, nunca ele o tenha publicado em letra de forma. E não só o escondeu num disco como lhe deu um título comedido - «o poeta fala do seu livro». Na verdade, nada se diz sobre Entre a cortina e a vidraça, e o título não é senão um disfarce para aquilo que constitui, sem dúvida, um manifesto. Provavelmente por ter este carácter misto de manifesto e de confissão o disse em vez de o escrever. [...]

Maria Antónia Oliveira, («Posfácio»a), Poesias completas & dispersos, 2017, p. 719

domingo, 4 de fevereiro de 2018

«folhear cartapácios» - MEC

- crónica de ontem de M. E. C. - AQUI

Recorte inicial
       Estamos todos a aprender a falar e a escrever português, excepto aquela abençoada multidão que, tendo caído no caldeirão, já sabe tudo de antemão. Sendo omnisciente, não precisa de dicionários ou de livros sobre a língua portuguesa. Sendo jovem e despreocupada, basta-lhe a erudição monumental da Internet. Para quê esfoliar a pele dos dedos a folhear (ou, como eles dizem, a desfolhar) pesados cartapácios (eles dizem catrapázios), quando bastam duas carícias no teclado para esclarecer logo todas as dúvidas num dos magníficos dicionários digitais que até fazem o favor de validar os erros mais populares dos internautas?
[...]

sábado, 20 de janeiro de 2018

Adjetivos: brutal e genial (R. A. P.)

Ilustração de João Fazenda, para a crón. de Ricardo A. Pereira, da «Visão» de 18 -01


RECORTE:
 [...]  Já aqui falámos do que tem vindo a acontecer ao adjectivo brutal, vítima de uma brutal alteração de significado. Quase tudo o que é brutal, hoje, é o rigoroso oposto do que era brutal no passado. Mas talvez nenhuma outra palavra tenha tido pior sorte do que o adjectivo genial. Era um termo recatado, precioso, de utilização rara. Aplicava-se quase exclusivamente a coisas que tivessem sido feitas por Leonardo Da Vinci, e era assim que estava certo. De repente, sem que o mundo tivesse acompanhado esse melhoramento, tudo passou a ser genial. Certo vinho é genial. Uma peça de roupa pode ser genial. Alguns silêncios são geniais.