sábado, 1 de fevereiro de 2014

Invocação e Apóstrofe (distinguir)

Parágrafo final do Verbete «Invocação»,  de Vanda Magarreiro, no «E-DTL»
DAQUI 


[sublinhados acrescentados]


      [...] A invocação é uma das figuras de retórica que se prende com o valor afectivo da comunicação e consiste na interpelação de uma divindade através do recurso ao vocativo, às exclamações e às interrogações. Distingue-se da apóstrofe por ser mais do que um simples chamamento directo de seres ausentes ou entidades abstractas. É um pedido de auxílio repleto de carga emocional, sublinhado pelo tom enfático do vocativo. Pode veicular um pedido de ajuda explícito, endereçado a um ser transcendente ou sobrenatural ("Pedi-te a fé, Senhor! pedi-te a graça, / Mas não te curves nunca, pr'a me ouvir./ Tudo acaba no mundo... tudo passa, / Mas só meu mal se foi e torna a vir."(António Nobre, , "Outono")); constituir-se como clamor e prolongamento de uma interjeição ("Voltarei hoje? Ai, minha Nossa Senhora..." (Bernardo Santareno, Nos Mares do Fim do Mundo)); ou introduzir uma mera convocatória ("Vinde à terra do vinho, deuses novos!" (Miguel Torga, Libertação, "Mensagem").

[v. tb. o verbete «Apóstrofe», de Carlos Ceia, na mesma «Plataforma»]