sábado, 6 de dezembro de 2025

Camões: as plantas da sua Obra

 - entrevista do «Público» ao botânico Jorge Paiva (92), pelo lançamento, agora em livro (antes, «digital»), do estudo «As plantas na obra poética de Camões»:

RECORTE(S):

[...]  Os Lusíadas são escritos praticamente na totalidade na Ásia e as plantas que Camões refere são as que conhece com Garcia de Orta: são as plantas medicinais, que são quase todas aromáticas. A noz-moscada é aromática, o cravinho é aromático. E as plantas da lírica de Camões são as do afecto, as do amor. São aquilo que costumo dizer aos jovens para começarem a gostar de Camões: “São as plantas do love.” Rosas, violetas, cravos, heras e por aí fora. Não são plantas medicinais nem asiáticas.
     N’Os Lusíadas encontramos plantas asiáticas e medicinais, excepto nas cenas amorosas. Por exemplo, no canto III, quando Camões refere o episódio de Inês de Castro, as plantas são as do love e não as asiáticas. Quando vejo “cravo” n’Os Lusíadas, é o cravinho. Quando vejo “cravo” na lírica, é o cravo flor.[...]